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André Ventura acusa Pitagórica de ter “ligações ao PSD”, mas antes promoveu sondagens da Pitagórica que eram favoráveis ao Chega?

Política
O que está em causa?
O líder do Chega não gostou dos resultados da última sondagem da Pitagórica que indicou uma queda de 3,9 pontos percentuais nas intenções de voto no Chega. "Não nos vão condicionar", garantiu nas redes sociais, partilhando um artigo do "Folha Nacional" (jornal do seu partido) com o seguinte título: "Dono da empresa da sondagem que mete o Chega a descer tem ligações ao PSD."
© Agência Lusa / Tiago Petinga

“Podem divulgar as sondagens que quiserem. Não nos vão condicionar. Desta vez vamos vencer!” Esta foi a mensagem escrita por André Ventura numa publicação nas redes sociais, datada de 10 de março (véspera do debate da moção de confiança do Governo no Parlamento que acabou por ser chumbada, abrindo o caminho para eleições legislativas antecipadas), em que partilhou a imagem de um título de artigo que coloca em causa a imparcialidade ou idoneidade da empresa de sondagens Pitagórica.

Mais concretamente, o título de um artigo do “Folha Nacional”, jornal do partido Chega, que passamos a transcrever: “Dono de empresa da sondagem que mete o Chega a descer tem ligações ao PSD.”

O contexto é o seguinte: no dia anterior foi divulgada uma sondagem da Pitagórica (para a TVI, CNN Portugal, TSF e outros órgãos de comunicação social) que apontou para uma descida de 3,9 pontos percentuais nas intenções de voto no Chega em eleições legislativas: de 17,4% para 13,5%, num indicador de “voto direto com distribuição de indecisos”.

De acordo com essa sondagem, realizada entre os dias 3 e 6 de março, já no período de crise política em torno do “caso Spinumviva” (a empresa de Montenegro) que viria a desembocar na queda do Governo, o Chega está mais distante dos dois principais rivais, AD e PS, que recolhem 33,5% e 28,8% das intenções de voto, respetivamente.

O líder do Chega não gostou dos resultados dessa sondagem, garante que “não nos vão condicionar” e aponta para as “ligações ao PSD” da empresa Pitagórica, ou do seu proprietário. O mesmo líder do Chega que, anteriormente, em várias ocasiões, promoveu nas redes sociais os resultados de sondagens da Pitagórica que eram mais favoráveis ao Chega.

Mais favoráveis no sentido de tendência de subida e não descida do Chega, pois em alguns casos até indicavam percentagens inferiores à da última sondagem. Ou seja, importa ter em atenção o contexto, o momento em que foram divulgadas.

Por exemplo, no dia 25 de janeiro de 2023, Ventura exultou com uma sondagem da Pitagórica que atribuía 14,2% das intenções de voto ao Chega. “Incrível! O Chega atingiu o melhor resultado da sua história nesta sondagem da Pitagórica para a TVI/CNN. Estamos prontos para governar Portugal”, escreveu o líder do Chega em publicação no Facebook, exibindo uma imagem com os resultados dessa sondagem.

No dia 22 de agosto de 2022 enalteceu uma outra sondagem da Pitagórica que ainda colocava o Chega abaixo da fasquia de 10% das intenções de voto. “A sondagem da Pitagórica para a TVI, ontem divulgada, não deixa dúvidas: o Chega cresce face às últimas eleições, cresce face à ultima sondagem e consolida-se como terceira força política nacional. Direita ultrapassa pela primeira vez os partidos de esquerda”, sublinhou.

Entre vários outros exemplos ao longo dos últimos anos, quando as supostas “ligações ao PSD” da Pitagórica não eram referidas por Ventura.

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Avaliação do Polígrafo:

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