Programa do PSD “não tem nada” sobre combate à corrupção
13 de março de 2024
Numa entrevista à CMTV, Ventura disse que pretende acordar com o PSD (ou AD, mais provável vencedora das eleições) “um Governo que defina, em termos de princípios e objetivos, o essencial de um Governo para quatro anos. Isto é, onde é que queremos chegar e que medidas vamos ter para lá chegar”.
Sem esse “acordo de Governo”, ou pelo menos “negociações”, o Chega deverá chumbar os Orçamentos do Estado, admitiu Ventura. E explicou que esse acordo terá que ser sustentado em “cinco prioridades” do Chega, a saber: “combate à corrupção como prioridade fundamental”; “os impostos, e aí até estamos de acordo”; “o aumento das pensões”, “a questão das forças de segurança e dos ex-combatentes”.
No que respeita mais especificamente ao “combate à corrupção”, o líder do Chega sublinhou que “o PSD não tem nada sobre isto” que “para nós é um tema decisivo”, questionando: “O que é que se compromete a fazer?”
Mas não é verdade que o programa com que a AD (coligação entre PSD, CDS-PP e PPM) concorreu às eleições legislativas de 2024 não tenha “nada” sobre esse tema. Na realidade tem até um capítulo inteiro dedicado à “transparência e combate à corrupção“, tal como o Polígrafo verificou na altura.
“Eu nunca vi, numas eleições, um copião tão grande como Luís Montenegro”
27 de fevereiro de 2024
À margem de um jantar-comício do Chega realizado em Guimarães, em declarações aos jornalistas, Ventura acusou o líder do PSD de copiar as suas propostas e até o seu discurso. “Eu nunca vi, numas eleições, um copião tão grande como Luís Montenegro. Nunca vi, é a primeira vez que vejo”, afirmou.
No Congresso do Chega (…) eu disse que se não conseguir fazer esse aumento das pensões, eu assumo aqui uma coisa: eu demitir-me-ei. E hoje ouvi Luís Montenegro dizer que ‘se tiver que cortar pensões demito-me'”, prosseguiu Ventura, acusando o rival do PSD de “estar a copiar permanentemente as nossas coisas, as nossas ideias e agora até o meu discurso“.
Ora, nesse mesmo dia, no decurso de uma ação de rua da Aliança Democrática (AD) em Portalegre, perante quatro ex-operárias têxteis reformadas que estavam sentadas à mesa de um café, Montenegro prometeu mesmo que se demitiria numa circunstância específica relacionada com as pensões de reforma.
“Vou-vos dizer aqui uma coisa que nunca disse na campanha, vou-vos dizer aqui pela primeira vez, para ser muito claro sobre isso: se eu algum dia tiver de cortar um cêntimo numa reforma, demito-me“, afirmou o líder do PSD e da coligação AD.
Quanto a Ventura, a 14 de janeiro, no último dia da VI Convenção Nacional do Chega, em declarações aos jornalistas começou por salientar: “Eu lancei um grande desafio que é provavelmente o maior da minha vida política. E da minha carreira enquanto dirigente político. Que é, eu disse e não fugi às palavras, disse que em seis anos (…) eu quero que todas as pensões do país, todas, sejam no mínimo iguais ao salário mínimo.”
Posto isto, prometeu: “Se formos Governo e se em seis anos as pensões não forem iguais ao salário mínimo, eu afasto-me do cargo de Primeiro-Ministro. (…) Se isto não for conseguido, leiam as minhas palavras, demito-me do cargo de Primeiro-Ministro.”
“Ficámos com uma espécie de PSD prostituta política”
11 de fevereiro de 2024
Em declarações aos jornalistas, o líder do Chega responsabilizou o PSD pelo impasse político nos Açores, exigindo a Luís Montenegro que esclarecesse o que iria fazer se houvesse uma maioria de direita nas eleições legislativas de 10 de março.
“O teste do algodão não é do Chega, é do PSD. É se o PSD preferiu um Governo de direita ou de esquerda. Mais uma vez foi-se pôr no colo do PS e levou a resposta. O PS não quer ter nada a ver com o PSD. Ficámos com uma espécie de PSD prostituta política“, afirmou Ventura.
E rematou: “Se não dá com o PS, vai tentar com o Chega. Como também não quero o Chega, tentará com outros.”
“Estes tipos [da AD] fizeram tudo a copiar as nossas propostas”
23 de janeiro de 2024
Ventura filmou-se no interior de um automóvel em movimento e começou por dizer que estava “muito irritado”, porque “estes tipos fizeram toda uma nova Convenção, um programa, esta dita AD, tudo a copiar as nossas propostas“. O vídeo foi publicado nas suas páginas no TikTok e Instagram, acumulando milhares de interações e reações.
“Tudo a copiar as nossas propostas: 15.º mês sem impostos, anunciado por mim há uns dias atrás num almoço do International Club; aumento dos pensionistas, anunciado por mim na Convenção; redução da subsidiodependência, só pode ser para rir, andaram anos, anos a votar contra as nossas propostas para acabar com a subsidiodependência”, exemplificou o líder do Chega.
“São uns burlões, são uns aldrabões. (…) Cópias baratas do Chega. (…) Se querem o original votem em nós. Querem a cópia, votem nessa AD que parece a ressurreição daqueles que já morreram.”
Por entre gestos acusatórios, Ventura afirmou depois que “PSD e PS são a mesma coisa, exatamente a mesma coisa. A única diferença é que nós somos os primeiros a dizer que estes ‘mamões’ todos que vivem dos rendimentos e dos subsídios é para acabar. Os outros andaram anos a aumentá-los, a expandi-los e a divulgá-los e agora dizem que também vão ajudar a diminuir. São uns burlões, são uns aldrabões“.
E assim concluiu que “só há uma alternativa no dia 10 [de março], é votar no Chega. Qualquer outra coisa é cópias baratas do Chega. (…) Se querem o original votem em nós. Querem a cópia, votem nessa AD que parece a ressurreição daqueles que já morreram”.
Dois dias mais tarde chegou a resposta de Hugo Soares, secretário-geral do PSD. Também através de um breve clip de vídeo, filmado no interior de um automóvel em movimento e difundido nas redes sociais (neste caso, Facebook e Instagram).
“Acabo de ver um vídeo do André Ventura onde ele se diz irritado. Ele não está irritado, está perdido. Na política, como na vida, não vale tudo“, começou por defender Soares. “E a seriedade exige-se, não se apregoa. Demonstra-se”.
“Os factos desmentem André Ventura: quem primeiro anunciou um prémio de produtividade equivalente ao valor de um salário anual isento de contribuições e impostos, foi Luís Montenegro em agosto do ano passado. Não foi há 15 dias”, exemplificou.
Mais, “quem apresentou a proposta de um rendimento mínimo garantido para os pensionistas, no valor de 820 euros no prazo de uma legislatura, por via da atualização do Complemento Solidário para Idosos, foi Luís Montenegro a 25 de novembro do ano passado. Não foi há 15 dias“.
O cabeça-de-lista da AD pelo círculo de Braga sublinhou também que “ainda o Chega não existia, já o PSD combatia a subsidiodependência. Temos é que combater a fraude e não fazer disso um discurso populista”.
Mas afinal quem é que copiou as propostas de quem? O Polígrafo verificou então que todas as alegações de Hugo Soares eram verdadeiras.
“O PSD sempre que esteve no Governo” nunca baixou o IRS e o IRC
16 de janeiro de 2024
À entrada para uma palestra na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, Ventura foi questionado sobre um comunicado no qual se repudiaram “as persistentes tentativas do líder do Chega em tentar colar-se à imagem e à memória do fundador do PPD-PSD”, sublinhando que o histórico social-democrata “é inimitável, muito menos caricaturável”.
Respondeu que Sá Carneiro “é de todos” e aproveitou para lançar uma farpa, considerando que “se o PSD lesse mais Sá Carneiro e menos Cavaco Silva tínhamos um partido muito melhor”.
Na mesma ocasião, o líder do Chega criticou também o PSD por estar a propor medidas como a descida de impostos – nomeadamente o IRS e o IRC – que não aplicou quando esteve no Governo.
“Eu ouvi o PSD a dizer o mesmo que diz há anos. Quer descer o IRS e quer descer o IRC. O PSD, nos últimos 30 anos, sempre que esteve no Governo e teve oportunidade não o fez“, declarou Ventura. Uma alegação falsa no que respeita ao IRC, conferiu o Polígrafo.
“Que nunca fique em causa a existência de um Governo de direita por minha causa”
10 de novembro de 2023
Anteriormente tinha dito que “nunca em Portugal haverá Governo à direita sem o Chega”, mas numa conferência de imprensa a 10 de novembro de 2023 mudou de discurso, ao garantir que não seria um entrave à formação de um Governo de direita sem a sua participação – do próprio Ventura, não do Chega, ressalvou.
“Que nunca fique em causa a existência de um Governo de direita por minha causa. Para mim, o que é fundamental é haver um Governo de direita. Se a condição do Presidente da República for que eu não seja membro desse Governo, da minha parte, não há entrave a isso“, assegurou Ventura.
Nessa ocasião voltou a recusar a hipótese de acordos de incidência parlamentar.
“Leiam os meus lábios: nunca em Portugal vai haver Governo à direita sem o Chega”
28 de setembro de 2023
Numa conferência de imprensa no Parlamento, Ventura criticou o acordo de incidência parlamentar firmado entre o PSD-Madeira e o PAN, considerando que se tratou de “prostituição política“.
O líder do Chega disse ter ouvido “com alguma apreensão pessoal” recentes declarações do presidente do PSD, Luís Montenegro, que excluiu o seu partido de qualquer “acordo político de governação”, repetindo que “não é não”, além de afirmar estar “totalmente confortável” com o entendimento que possibilitou uma maioria absoluta na Madeira.
“Faz-me honestamente confusão que o líder do PSD diga que está confortável com a situação que se encontrou na Madeira, este acordo é uma prostituição política, não tem outro nome. Se Luís Montenegro se sente confortável com isto, é a prova de que ele não está bem para liderar a direita“, disse Ventura.
“Leiam os meus lábios: nunca em Portugal vai haver governo à direita sem o Chega. Se houver tem um caminho: é cair no primeiro dia nesta Assembleia da República. Não é nenhuma ameaça, é o que vai acontecer“, rematou.
“Ou o PSD propõe ao Chega uma coligação no Governo” ou negoceia com o PS
31 de janeiro de 2023
Em entrevista à CNN Portugal, Ventura disse que não aceitava ser “marioneta do PSD”. Como tal, garantiu que só existiam duas soluções viáveis, a saber: “Ou o PSD propõe ao Chega um coligação em que os dois somos responsáveis pelo Governo de Portugal, (…) ou o PSD negoceia com o PS a abstenção do programa de Governo e os Orçamentos do Estado”.
“Chega não fará parte de nenhum Governo que não promova a prisão perpétua”
2 de julho de 2021
Ao discursar na VII Conselho Nacional do Chega, em Sagres, Algarve, Ventura garantiu que não aceitaria ser “encostado à parede” pelo PSD e sublinhou que não faria parte de um Governo que seja contra a prisão perpétua aplicada a crimes “bárbaros”.
Referindo-se a crimes como homicídio, terrorismo, violações ou crimes sexuais “quando ocorridos em contexto especialmente censurável ou repetido”, Ventura disse que o Chega não faria “parte de nenhum Governo que não promova, na Assembleia da República, a prisão perpétua contra este tipo de crimes”.
“Se eu algum dia andar publicamente a implorar por coligações (…) afastem-me da liderança do Chega”
5 de agosto de 2019
A dois meses das eleições legislativas de 2019, quando foi eleito pela primeira como deputado à Assembleia da República, Ventura escreveu no Facebook uma mensagem que na altura era dirigida a outros partidos mas agora até pode atingir o próprio Chega em ricochete.
“Por favor, se eu algum dia andar publicamente a implorar por coligações – ou melhor, Alianças – à direita ou o centro-direita… E ninguém me ligar nenhuma, afastem-me da liderança do Chega. Internem-me pela figura ridícula. Mandem-me fazer programas com o Castelo Branco ou com o Cláudio Ramos”, pediu então Ventura.