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Quimioterapia, radioterapia, terapias direcionadas e imunoterapia: O que as distingue? 

Quimioterapia, radioterapia, terapias alvo ou imunoterapia — o que distingue os principais tratamentos contra o cancro e como atuam no organismo?
@Shutterstock

Quando se fala em tratamentos do cancro, surgem muitas possibilidades. Quimioterapia, radioterapia, terapias direcionadas ou imunoterapia são abordagens distintas, e a escolha entre elas depende de vários fatores, como o tipo de cancro, o estadio da doença ou o estado geral de saúde da pessoa.

“Atualmente temos várias formas de tratar o cancro e cada uma funciona de maneira diferente”, começa por explicar João Vasco Barreira, médico oncologista e um dos autores da página ‘The Twin Docs’.

O que é a quimioterapia? 

A quimioterapia utiliza medicamentos que circulam pelo corpo através do sangue e que têm o objetivo de destruir células cancerígenas. 

“Estes medicamentos atacam as células que se dividem rapidamente – como o são as células cancerígenas – mas também podem afetar células saudáveis”, refere João Vasco Barreira, salientando que isso pode trazer efeitos secundários como queda de cabelo, náuseas, vómitos ou fadiga.  

A quimioterapia é, “talvez, a arma terapêutica mais bem conhecida na oncologia”, que pode ser usada em muitos tipos de cancro, isolada ou em combinação com outros tratamentos.

O que é a radioterapia?

Neste caso, o tratamento é feito com radiação de alta energia para destruir as células cancerígenas e, ao contrário da quimioterapia, a radioterapia é local, atuando na zona onde o feixe de radiação é aplicado.

Pode ser utilizada antes da cirurgia (para reduzir o tumor), depois da cirurgia (para eliminar células que possam ter permanecido no corpo), ou para aliviar sintomas em fases mais avançadas (a chamada radioterapia paliativa).

Também pode ser “combinada com quimioterapia com intuito radical”, segundo o especialista em oncologia médica.

O que são as terapias direcionadas?

As chamadas terapias “target” ou direcionadas funcionam como um “míssil teleguiado”, porque vão diretas ao alvo, ou seja, “atacam apenas as células cancerígenas que têm certas alterações genéticas ou proteínas anormais”, salienta o médico. 

Porém, para que este tratamento funcione, o tumor tem de ter características específicas. Por isso, é necessário fazer testes genéticos ao tumor. 

“Os efeitos adversos vão estar diretamente relacionados à alteração que a pessoa apresentar e ao tipo de medicação que for utilizada, podendo passar por alterações na pele, náusea, vómitos, cansaço, entre outros”, destaca João Vasco Barreira. 

O que é a imunoterapia?

A imunoterapia tem como objetivo ajudar o próprio sistema imunitário a reconhecer e combater as células cancerígenas, uma vez que “alguns cancros conseguem ‘esconder-se’ do sistema imunitário”.  Este tratamento visa desbloquear esse mecanismo e permitir ao corpo voltar a atacar o tumor. 

No site da Fundação Champalimaud, explica-se que, “atualmente, existem cinco classes diferentes de imunoterapias: vacinas contra o cancro (vacinação contra proteínas exclusivamente expressas em células cancerígenas), imunomoduladores (que ativam o sistema imunológico e param a paralisia imposta pelas células tumorais ao sistema imunológico), terapias alvo com anticorpos (anticorpos que atacam as células cancerosas), vírus oncolíticos (vírus que são modificados para infetar as células cancerosas e causar a sua morte, avisa e ativa o sistema imunológico para melhor combater o cancro) e, finalmente, a imunoterapia celular”.

Embora não funcione em todos os doentes, a imunoterapia tem mostrado bons resultados em cancros como o melanoma, pulmão, mama, rim e bexiga, aponta João Vasco Barreira.

Como se decide qual o tratamento a seguir?

Tal como explica o especialista, a escolha de um tratamento oncológico é sempre feita em equipa, com base na melhor evidência científica, e a decisão vai depender de vários fatores, entre eles:  

  • O tipo e a localização do cancro; 
  • O estadio da doença (se está localizado ou se é metastático); 
  • O estado geral de saúde da pessoa diagnosticada e escolha individual da mesma; 
  • As características específicas do tumor (como alterações genéticas). 

“Muitas vezes, combina-se mais do que um tipo de tratamento para aumentar as hipóteses de sucesso, nomeadamente o aumento da taxa de resposta, a sobrevivência livre de progressão e sobrevivência global”, conclui o médico.


Este artigo foi desenvolvido no âmbito do “Vital”, um projeto editorial do Viral Check e do Polígrafo que conta com o apoio da Fundação Champalimaud.

A Fundação Champalimaud não é de modo algum responsável pelos dados, informações ou pontos de vista expressos no contexto do projeto, nem está por eles vinculado, cabendo a responsabilidade dos mesmos, nos termos do direito aplicável, unicamente aos autores, às pessoas entrevistadas, aos editores ou aos difusores da iniciativa.

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