Em debate com João Ferreira, do PCP, no NOW, ontem à noite, Pedro Frazão recorreu à descontextualização de uma série de fotografias de membros do PS para afastar responsabilidades de “mau comportamento” da bancada do seu próprio partido. O mote foi Mário Centeno e as suas considerações sobre a necessidade que o setor empresarial português tem de imigrantes. Aparentemente em desacordo, o vice-presidente do Chega considerou pouco relevantes as palavras do governador do Banco de Portugal e deu mais importância aos seus gestos… de há dez anos.
Em novembro de 2015, o fotojornalista Manuel Vicente captou o então ainda deputado (viria a ser ministro) a levantar o dedo do meio. Neste artigo do “Observador“, é referido que “Centeno tê-lo-á feito numa brincadeira com um colega, não tendo havido ninguém que se tenha sentido ofendido ou que tenha verbalizado esse sentimento de ofensa nessas sessões de novembro”.
Apesar de faltar contexto à fotografia apresentada por Frazão, esta não deixa de ser verdadeira. O mesmo não é um caso de outra que o deputado do Chega imprimiu e que mostra Graça Fonseca, ex-ministra da Cultura de António Costa, de dedo espetado: “Não foi só Mário Centeno, foram várias pessoas do Partido Socialista.” Esta imagem, tal como o Polígrafo já verificou, não passa de uma manipulação grosseira.
A fotografia original é da autoria da fotojornalista Cristina Bernardo e foi captada no decurso de um almoço-debate do International Club of Portugal, realizado no dia 31 de julho de 2019.
Desde então que essa fotografia tem servido para ilustrar artigos do “Jornal Económico”, tal como o que replicamos na imagem acima, sendo notório que a ministra tinha dois dedos esticados sobre o rosto e não apenas o dedo do meio. Na manipulação grosseira simplesmente corta-se parte do dedo indicador da imagem.
As outras fotografias a que Pedro Frazão recorreu também carecem de contexto: a de António Costa é até dúbia quanto à posição do dedo e a de José Gomes Mendes, antigo secretário de Estado do PS, também parece tratar-se apenas de uma coincidência. Sobra Manuel Pinho, caso em que a fotografia é verdadeira e foi tirada em julho de 2009. Provocado por Bernardino Soares, do PCP, Pinho reagiu assim e admitiu: “Excedi-me”. O então ministro demitiu-se precisamente nesse dia.
______________________________
Avaliação do Polígrafo: