O cancro é uma das principais causas de morte em Portugal e uma das doenças que mais preocupa os portugueses. Mas o que nos dizem realmente os números? Quais os cancros mais comuns na população portuguesa? Quais as diferenças entre homens e mulheres? E qual o cancro mais mortal? Neste artigo, analisamos os dados estatísticos.
Cancro é a segunda causa de morte em Portugal
Em 2021, o cancro foi “a segunda principal causa de morte em Portugal (23%), logo a seguir às doenças do sistema circulatório (25%)”, segundo os dados estatísticos disponíveis no perfil do cancro em Portugal de 2025, apresentado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e pela Comissão Europeia (CE).
O mesmo documento refere que, em Portugal, a mortalidade por cancro é “ligeiramente inferior à média da União Europeia (UE)”, mas sublinha que “as melhorias abrandaram ao longo da última década”.
No perfil assinala-se também que, “embora próxima da média da UE, prevê-se que a incidência estimada do cancro em Portugal aumente 20% até 2040, com o país a registar atualmente as mais elevadas taxas de cancro do estômago e pediátrico da UE”.
Homens e Mulheres: As principais diferenças
As estatísticas mais recentes sobre o cancro em Portugal recolhidas pelo Global Cancer Observatory (GLOBOCAN) para o ano de 2022 indicam que, nesse ano, terão sido diagnosticados 69.567 novos casos de cancro no país.
Segundo este documento elaborado pela Agência Internacional de Investigação em Cancro (IARC) da Organização Mundial da Saúde, em 2022, terão morrido 33.762 pessoas com cancro em Portugal.
Mas o cancro não atingiu homens e mulheres da mesma forma. Nos homens, a taxa de incidência padronizada por idade é de 342,7 casos por cada 100 mil homens. Já nas mulheres é de 258,5 casos por cada 100 mil mulheres. Esta padronização por idade serve para comparar populações, eliminando o efeito das diferenças entre faixas etárias e dando uma imagem mais precisa do risco real.
Esta diferença mantém-se na mortalidade: os homens morrem quase duas vezes mais por cancro (perto de 148 mortes por 100 mil) do que as mulheres (perto de 77 mortes por 100 mil).
O risco de desenvolver cancro até aos 75 anos é de 28,6% no total da população (33,5% nos homens e 24,3% nas mulheres). Já o risco de morrer da doença antes dos 75 anos foi estimado em 11,2% (15,1% nos homens e 7,7% nas mulheres).
Cancro colorretal é o mais diagnosticado, mas o do pulmão é o que mais mata
Nos homens, os 5 cancros mais diagnosticados foram:
- Próstata – 7 529 casos (19,9%)
- Colorretal – 6.092 casos (16,1%)
- Pulmão – 4.253 casos (11,2%)
- Bexiga – 2.660 casos (7,0%)
- Estômago – 2.163 casos (5,7%)
Nas mulheres, os 5 cancros mais diagnosticados foram:
- Mama – 8.954 casos (28,2%)
- Colorretal – 4.483 casos (14,1%)
- Pulmão – 1.902 casos (6,0%)
- Tiroide – 1.794 casos (5,7%)
- Estômago – 1.505 casos (4,7%)
Quando juntamos homens e mulheres, o cancro colorretal surge como o mais comum (10.575 casos, 15,2%), seguido do cancro da mama (8.954 casos, 12,9%), da próstata (7.529 casos, 10,8%), do pulmão (6.155 casos, 8,8%) e do estômago (3.668 casos, 5.3%).
Relativamente à mortalidade, o cancro do pulmão foi o mais letal para ambos os sexos, seguido pelo cancro colorretal e pelo da mama. Os dados mostram que o cancro do pulmão causou 5.077 mortes (15% do total), o colorretal 4.809 (14,2%) e o do estômago 2.578 (7,6%).
Este artigo foi desenvolvido no âmbito do “Vital”, um projeto editorial do Viral Check e do Polígrafo que conta com o apoio da Fundação Champalimaud.
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