“De acordo com dados do Eurobarómetro sobre Juventude e Democracia, de abril de 2024, dois terços (67%) dos jovens inquiridos consideram que as ações da UE [União Europeia] têm impacto direto no seu dia a dia, enquanto apenas 26% acham o contrário e 7% não sabem.” Os dados foram destacados, em entrevista ao Polígrafo, por Sofia Moreira de Sousa, representante da Comissão Europeia em Portugal.
São números que, de acordo com a mesma fonte, “mostram que os jovens estão entusiasmados em relação ao futuro da Europa”, mas que, simultaneamente, “encontram-se sub-representados nos órgãos de decisão” e, por isso, “consideram que têm limitada capacidade de influência no processo de decisão”.
É tendo em conta estes (e outros) “desafios a ultrapassar” que decorrerá, entre os dias 28 e 31 de agosto, a sétima edição do Summer CEmp, a escola de verão da Representação da Comissão Europeia em Portugal. Este ano, o evento terá lugar em Miranda do Douro, no distrito de Bragança, e contará com a presença de 40 jovens – escolhidos entre “quase 300 candidaturas de estudantes universitários de todo o país” – e de mais de 70 oradores, num formato que se pretende “informal, intensivo e interativo”, revelou Sofia Moreira de Sousa.
“Um dos nossos objetivos é desenvolver uma rede diversificada de atuais e futuros líderes de opinião, de forma a ter uma melhor compreensão sobre a União Europeia e o seu impacto na nossa vida”, explicou Sofia Moreira de Sousa sobre este evento que, para além de vários momentos de discussão, dará ainda espaço a atividades mais práticas – desde workshops de língua mirandesa a momentos de speed debating com eurodeputados.
Nas palavras da representante da Comissão Europeia em Portugal, a “iniciativa surgiu da vontade de encontrar novas formas de ligar os jovens à Europa, saindo do formato tradicional de conferências ou eventos formais, permitindo maior proximidade e interação entre gerações e as comunidades locais”, com vista a “envolver as pessoas na defesa e fortalecimento da democracia e do projeto europeu”.
De modo a potenciar a reflexão sobre “o atual contexto político, económico e social”, o evento tem um programa cujos “tópicos de discussão mudam de ano para ano”. Nesta edição, acrescentou a representante desta instituição europeia, o “ponto de partida” para o programa serão “as orientações políticas para a próxima Comissão Europeia, apresentadas por Ursula von der Leyen em julho deste ano e já aprovadas pelo Parlamento Europeu”.
Assim, serão debatidas “áreas específicas dentro das políticas e estratégia europeia”, com particular destaque para as “sessões sobre a arquitetura institucional e governação europeia” e “discussões sobre o futuro da UE, no que diz respeito à segurança e defesa, à cooperação internacional e ao processo de alargamento”. Mas não só: temas como “a proteção ambiental, sustentabilidade, o impacto do financiamento europeu, competitividade, inovação, cultura, democracia e justiça social” serão também analisadas, segundo o previsto na programação deste Summer CEmp.
O destaque, nesta edição, vai para a presença de figuras como: o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa; o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel; a diretora-geral de Comunicação da Comissão Europeia, Dana Spinant; e o presidente do Conselho Nacional para as Migrações e Asilo (e ex-comissário europeu) António Vitorino; entre outros nomes de destaque na política nacional e europeia.
Uma das particularidades da iniciativa relaciona-se com o facto de, ao longo de todo o programa, os participantes serem acompanhados por sete mentores: Ana Santos Pinto, investigadora na NOVA FCSH e ex-secretária de Estado da Defesa Nacional; Bárbara Reis, jornalista no Público; José Reis, diretor do Departamento de Igualdade e Combate ao Racismo, Xenofobia e Discriminação na Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA); Tiago Antunes, docente na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e antigo secretário de Estado responsável por diferentes pastas; Sofia Branco, jornalista na agência Lusa; Susana Peralta, investigadora especialista em Economia Pública e Economia Política; e Pedro Calado, diretor do Programa Cidadãos Ativos e chairman do Management Committee do European Media and Information Fund da Fundação Calouste Gulbenkian.
“É muito importante perceber que a União Europeia não se concretiza apenas em Bruxelas, mas sobretudo neste diálogo aberto e participado, que permite encontrar soluções conjuntas para os desafios da atualidade. A construção europeia avança quando agimos juntos e unidos”, conclui Sofia Moreira de Sousa, sobre a relevância da realização de um evento que tem início esta quarta-feira.
Nota Editorial: O Polígrafo viaja até Miranda do Douro a convite da Representação da Comissão Europeia em Portugal.