Morreu esta manhã, aos 88 anos, o Papa Francisco. O sumo-pontífice, eleito em 2013, já tinha estado internado no início do ano por problemas respiratórios. Este domingo, na última aparição pública, desejou boa Páscoa aos fiéis a partir de uma varanda da Basílica de São Pedro.
Ao longo de 12 anos de pontificado, várias foram as instâncias em que a desinformação envolveu o Papa. Nas redes sociais partilharam-se notícias falsas, atribuíram-se a Francisco declarações das quais não há registo e foram geradas várias imagens que nunca aconteceram. O Polígrafo juntou sete das falsidades mais virais dos últimos anos que envolveram a figura do sumo-pontífice.
Papa Francisco defendeu que padres podem ter sexo com freiras?
Em 2019, numa publicação que se difundiu por vários grupos de Facebook, anunciaram-se “novas doutrinas” do Papa Francisco que prometiam “deixar todos os padres deste planeta com um sorriso de orelha à orelha”. Em causa estava uma suposta decisão do sumo-pontífice de permitir o sexo entre padres e freiras, uma vez por mês.
No entanto, tratava-se de um anúncio falso. Não só o Papa nunca fez declarações nesse sentido como manifestou várias vezes preocupação relacionada com o facto de terem havido freiras católicas que foram abusadas sexualmente por parte de padres e bispos.
Avaliação do Polígrafo: Pimenta na Língua
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Em abril de 2020, o Papa ainda não tinha doado dinheiro para o combate à pandemia?
Em abril de 2020, em plena pandemia – época fértil para a propagação de desinformação – surgiu no Facebook uma publicação com milhares de partilhas que indicava que o Vaticano tinha uma “faturação” de 77,7 triliões de dólares anuais e sugeria que o Papa não tinha feito qualquer donativo para combater a Covid-19.
Porém, nada disto era verdade. Na altura, em nenhum balanço de contas do Instituto de Obras de Religião se podia encontrar o valor de faturação indicado na publicação. E em abril de 2020, o Papa já tinha feito doações para o combate à pandemia em, pelo menos, duas ocasiões. A 11 de março tinham sido doados 100 mil euros à Caritas italiana. No dia 26 desse mês forneceu 30 ventiladores a hospitais em Espanha e Itália.
Avaliação do Polígrafo: Falso
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Papa anunciou que é preciso tomar a vacina contra a Covid-19 para “entrar no céu”?
Nos últimos meses de 2020 começou a circular nas redes sociais uma suposta notícia que atribuía ao Papa Francisco a afirmação de que a vacina da Covid-19 era “necessária para entrar no céu”.
O título, no entanto, não era de uma notícia verdadeira mas sim de um texto satírico publicado no site “The Babylon Bee” a 30 de novembro de 2020. A página em questão descreve-se como “a fonte definitiva de notícias falsas nas quais podes confiar”.
Avaliação do Polígrafo: Pimenta na Língua
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Papa Francisco garantiu que os “pedófilos têm um lugar especial no céu”?
“Ele é um grande colaborador da agenda”, lia-se numa suposta notícia que circulava nas redes sociais em fevereiro de 2023. “O Papa Francisco escandalizou as vítimas de abuso sexual ao declarar que a pedofilia é uma doença misteriosa e não devemos julgar aqueles que a sofrem. Em vez disso, de acordo com o Papa, devemos aceitar que Deus ama os pedófilos, ele os criou por uma razão e reservou um lugar especial no céu para eles”.
A partilha nas redes sociais incluía ainda um suposto tweet da página oficial do Papa Francisco no X que reforçava a informação da publicação.
Tratava-se, porém, de uma notícia falsa. Na página oficial do sumo-pontífice na rede social não existia qualquer tweet relacionado com uma afirmação do género. Também não há nenhum registo público de que o Papa Francisco alguma vez tivesse proferido tais declarações.
Aliás, a propósito das investigações sobre os abusos sexuais no seio da Igreja Católica realizados em vários países – como Portugal – Francisco defendeu uma posição de “tolerância zero” em relação aos abusadores.
Avaliação do Polígrafo: Pimenta na Língua
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Papa Francisco autorizou o Fórum Económico Mundial a reescrever a Bíblia?
“O Fórum Económico Mundial recebeu autorização do Papa Francisco para reescrever a Bíblia Sagrada”, anunciou-se numa publicação no Facebook, em dezembro de 2023. O mesmo post dizia ainda que uma fonte do FEM havia revelado que o Papa queria uma nova versão da Bíblia “muito mais política, com um lugar central para a primazia da natureza, e muito menos sobre Deus”.
O boato era originário do “The People’s Voice”, uma reformulação do “News Punch”, um site norte-americano conhecido pela difusão recorrente de desinformação. Em órgãos de comunicação credíveis nunca foi noticiado esta autorização por parte do Papa em alterar-se a Bíblia. Algo que seria de esperar que acontecesse, caso se tratasse de uma autorização verdadeira..
Avaliação do Polígrafo: Pimenta na Língua
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Papa Francisco incitou cristãos a “rezarem a Satanás” para obterem “verdadeira iluminação”?
“O Papa Francisco ordena aos cristãos para ‘rezarem a Satanás’ pela ‘verdadeira iluminação’. O que se passa com este idiota?” A afirmação foi feita num tweet de 9 de fevereiro de 2024, que incluía também um artigo mais longo sobre as supostas declarações do sumo-pontífice.
Como o Polígrafo verificou em 2024, porém, é falso que o Papa tenha alguma vez dito aos fiés para “rezarem a Satanás”. Além de o boato ter sido criado em sites de desinformação, os artigos publicados nessas páginas nunca indicavam evidências de tais declarações. Por outro lado, em várias situações – como por exemplo a 29 de setembro de 2023, na Missa de São Miguel Arcanjo – o sumo-pontífice apelou à luta “contra o Diabo que quer entrar nas nossas vidas”.
Avaliação do Polígrafo: Pimenta na Língua
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Papa Francisco quis “eliminar o Natal e transformá-lo em ´Dia da Paz´”?
A suposta notícia da substituição das celebrações do Natal por uma mais neutra foi partilhada em várias publicações nas redes sociais no final de 2024. “Francisco quer trocar o Natal para a Festa da paz?! O Anticristo já em 2025?” lia-se, ainda, no título de um vídeo de YouTube que circulava nas redes.
Tal como verificou o Polígrafo e o “Maldita.es”, nunca o Papa Francisco mencionou sequer a possibilidade de tal substituição das celebrações. Nem nos órgãos oficiais do Vaticano nem nas páginas do Papa nas redes sociais havia qualquer referência à suposta decisão.
Avaliação do Polígrafo: Pimenta na Língua
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