
É uma notícia do jornal "Público" de 22 de janeiro de 2013, mas tornou-se viral nas últimas semanas, à medida que se agravava a pandemia do novo coronavírus. Já acumula mais de 10 mil partilhas nas redes sociais e, perante o enorme e inusitado fluxo de leituras e partilhas, o jornal "Público" já introduziu um aviso logo após o título: "Atenção - Esta notícia é de 2013".
"Ministro japonês diz que idosos doentes devem 'morrer rapidamente' para o bem da economia", destaca-se no título da notícia que tem sido partilhada por milhares de pessoas nas redes sociais. "Os custos dos tratamentos que prolongam a vida a pessoas com doenças sem recuperação são desnecessários para a economia japonesa, defende Taro Aso", acrescenta-se no subtítulo.
Lendo apenas o título e o subtítulo, sem reparar na data, a narrativa parece encaixar-se no presente contexto da pandemia de Covid-19. Daí que muitas pessoas estejam a ser enganadas pelas partilhas descontextualizadas (e sem indicação da data) desta notícia que é verdadeira. Sobretudo as que não lêem a notícia além do título e subtítulos.

"O ministro japonês das Finanças, em funções há cerca de um mês, defende que os cuidados de saúde para doentes mais idosos significam um custo desnecessário para o país e que a estes pacientes deveria ser permitido morrer rapidamente para aliviar a pesada carga financeira que representa o seu tratamento na economia japonesa. 'Que Deus não permita que sejam forçados a viver quando querem morrer. Eu iria acordar sentindo-me incrivelmente mal por saber que o tratamento era totalmente pago pelo Governo'. A frase de Taro Aso, citada pelo Guardian, foi proferida durante uma reunião do conselho nacional dedicada às reformas da segurança social e ao orçamento para a saúde. As declarações tornam-se ainda mais polémicas quando o ministro defendeu que 'o problema só será resolvido' se se deixar os idosos 'morrer rapidamente'", informa-se no artigo em causa.
"Num país com quase um quarto de uma população de 128 milhões de pessoas com mais de 60 anos, Taro Aso, de 72 anos, acrescenta que vai recusar qualquer assistência médica se ficar gravemente doente. 'Não preciso desse tipo de cuidados', disse, citado pela comunicação social japonesa, segundo a qual o ministro terá dado indicações à família para que não receba qualquer tratamento que lhe prolongue a vida. Após tornadas públicas as declarações, Taro Aso terá tentado explicar-se aos jornalistas. O ministro das Finanças admitiu que utilizou uma linguagem 'desapropriada', mas sublinhou que apenas se referia às suas opções pessoais. 'Disse o que pessoalmente acredito e não o que deveria ser o sistema nacional de saúde'", acrescenta-se, ficando claro que esta notícia não tem qualquer relação com a pandemia de Covid-19, iniciada cerca de sete anos mais tarde.

Outro exemplo é uma notícia da TVI24 de 13 de abril de 2017, com o seguinte título: "Fila de espanhóis para entrar em Portugal nas mini-férias da Páscoa". Também está a ser partilhada nas redes sociais como se fosse atual, suscitando vários comentários e mensagens em que se critica a suposta abertura de fronteiras a potenciais infetados com a Covid-19.
É uma notícia verdadeira mas desatualizada e que, ao ser partilhada sem indicação da respetiva data, de forma descontextualizada e enganadora, funciona como desinformação e acentua o alarmismo na presente situação de pandemia.
Atenção às datas das notícias, não se deixe enganar.
