Enquanto discursava, esta terça-feira, num jantar-comício do Chega, em Tavira, André Ventura teve uma indisposição. No vídeo captado no momento, vê-se o líder do Chega a levar a mão à zona do peito e do pescoço e a ser retirado do palco de imediato. Ventura recebeu assistência no local e, de seguida, foi levado para o Hospital de Faro.
Na manhã desta quarta-feira, a SIC apurou que o líder do Chega terá sofrido um “episódio de refluxo gastroesofágico com pico hipertensivo associado”. Mas o que é, afinal, o refluxo gastroesofágico? E um pico hipertensivo? E o que pode ter causado esse episódio? As respostas estão neste artigo.
O que é um episódio de refluxo gastroesofágico com pico hipertensivo?
O refluxo gastroesofágico ocorre quando o conteúdo do estômago volta para o esófago, causando sintomas “como azia e regurgitação”, explica-se na página do Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais dos Estados Unidos (NIDDK, na sigla inglesa).
Em alguns casos, esclarece o especialista em medicina geral e familiar João Ramos, o refluxo pode causar também uma dor aguda perto da zona do peito ou do pescoço, tal como aconteceu com André Ventura.
Um episódio de refluxo gastroesofágico pode acontecer, ocasionalmente, a qualquer pessoa saudável e nem sempre é sinónimo de doença. Pode surgir, por exemplo, depois da ingestão de determinados alimentos.
No entanto, tal como se sublinha no site da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva, quando estes episódios são frequentes, “condicionam sintomas e/ou provocam lesões da parede esofágica, estamos na presença de uma doença de refluxo gastroesofágico”.
Além do episódio de refluxo, André Ventura teve também um pico hipertensivo associado, ou seja, adianta João Ramos, sofreu um aumento súbito e significativo da pressão arterial.
O caso de André Ventura: O que pode ter causado este episódio?
Em declarações ao Viral e ao Polígrafo, Paulo Santos, o especialista em Medicina Geral e Familiar e professor da FMUP, explica que há vários fatores relacionados com o ritmo e a exigência da campanha eleitoral que, em teoria, podem ter conduzido ao episódio de refluxo de André Ventura.
Em primeiro lugar, aponta o médico, um “padrão alimentar mais desequilibrado” – com alimentos ricos “de restaurante ou de catering”, ricos em gorduras e açúcares – e horários de refeição desregulados (comer “fora de horas”).
A isto juntam-se outros fatores como “o stress, alguma falta de sono, o ter de fazer muitos quilómetros de carro, falar com muita gente e a preocupação com as sondagens e os resultados das eleições” que criam um “caldo” favorável ao desenvolvimento de um episódio de refluxo gastroesofágico.
Paulo Santos esclarece ainda que um episódio de refluxo gastroesofágico pode ser acompanhado por um pico de pressão arterial, tal como aconteceu com André Ventura, mas que esse pico é, regra geral, temporário e transitório.
