Desde 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem vindo a alertar para o problema da partilha de informações falsas nas redes sociais. Nessa altura, já a OMS considerava que esta prática constituía uma ameaça à saúde pública. O aparecimento da pandemia de Covid-19 veio aumentar a publicação deste tipo de conteúdos, principalmente quando o assunto são as vacinas.
Um estudo realizado pelo Centro de Contra-ataque ao Ódio Digital (CCDH, na sigla inglesa), uma organização sem fins lucrativos que pretende travar a propagação de ódio e desinformação online, identificou que “65% do conteúdo anti-vacinas pode ser apontado aos principais elementos anti-vacinas online” – um grupo que os autores identificam como a “Dúzia de Desinformadores”. Foram analisadas 812 mil publicações de Facebook e Twitter, entre 1 de fevereiro e 16 de março de 2021.
Quem é a “Dúzia de Desinformadores”? São “indivíduos que foram selecionados com base no seu elevado número de seguidores nas redes sociais e elevado volume de produção de conteúdo anti-vacinas“. Em dezembro de 2020, as 425 contas de redes sociais de anti-vacinas, que o CCDH monitoriza, tinham um alcance superior a 59 milhões de pessoas, o que representa um crescimento de 877 mil pessoas desde o mês de junho. As publicações feitas pelos 20 anti-vacinas com maior número de seguidores representam dois terços desse alcance.
São “indivíduos que foram selecionados com base no seu elevado número de seguidores nas redes sociais e elevado volume de produção de conteúdo anti-vacinas”.
O Facebook é o principal meio de transmissão dos conteúdos: das 689 mil partilhas analisadas, 73% tiveram origem nas contas de 12 pessoas. Por outro lado, durante o mesmo período, 17% dos 120 mil tweets e partilhas com conteúdos anti-vacinas que foram investigadas remetem para o mesmo grupo.
“O Facebook, a Google e o Twitter colocaram políticas em ação para prevenir a difusão de desinformação sobre as vacinas; no entanto, até à data, todos falharam a implementar essas políticas de forma satisfatória”, escreve Imran Ahmed, CEO do CCDH, no relatório. Acrescenta ainda que “todas [as medidas] têm sido particularmente ineficazes para remover desinformação nociva e perigosa sobre as vacinas contra o coronavírus”.
Segundo uma pesquisa levada a cabo pelo CCDH no ano de 2020, “as plataformas falham em agir em 95% da desinformação sobre Covid-19 e vacinas que foi reportada”. Por isso, a organização apela a que haja mais ação para conter a propagação de informações falsas, nomeadamente através da remoção das contas das 12 pessoas identificadas como pontos de origem deste tipo de publicações.
“As plataformas falham em agir em 95% da desinformação sobre Covid-19 e vacinas que foi reportada”. Por isso, a organização apela a que haja mais ação para conter a propagação de informações falsas, nomeadamente através da remoção das contas das 12 pessoas identificadas como pontos de origem deste tipo de publicações.
“Com uma vasta maioria dos conteúdos nocivos a serem espalhados por um número reduzido de contas, remover esses poucos indivíduos e grupos que são mais perigosos podem reduzir significativamente a quantidade de desinformação a ser espalhada pelas plataformas”, afirmam os autores do estudo.
Os investigadores lembram ainda que “o público não pode tomar decisões informadas sobre a sua saúde quando estão a ser constantemente inundados com desinformação e conteúdos falsos”, sublinhando que “remover a fonte de desinformação” nas redes sociais – Facebook, Instagram e Twitter – “pode permitir aos indivíduos fazer escolhas realmente informadas sobre as vacinas“.
Entre a “Dúzia de Desinformadores” estão médicos que se dedicaram à pseudociência, um blogger que promove o bem-estar, um fanático pela religião e um fisioculturista. Está também o sobrinho do presidente John F. Kennedy, Robert F. Kennedy Jr., que tem vindo a publicar conteúdos que relacionam a vacinação com autismo e chegou a associar a pandemia de Covid-19 com as torres de comunicação 5G.
Entre a “Dúzia de Desinformadores” estão médicos que se dedicaram à pseudociência, um blogger que promove o bem-estar, um fanático pela religião e um fisioculturista. Está também o sobrinho do presidente John F. Kennedy, Robert F. Kennedy, que tem vindo a publicar conteúdos que relacionam a vacinação com autismo e chegou a associar a pandemia de Covid-19 com as torres de comunicação 5G.
O CCDH sublinha ainda que os elementos presentes neste grupo “violam continuamente os termos e condições de serviço do Facebook e Twitter“. No entanto, mais de metade dos indivíduos identificados continua a ter as contas ativas nas três plataformas.