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Uma dúzia para mandar. A coleção de dissidentes que Ventura leva para o Parlamento

Este artigo tem mais de um ano
Quase todos militaram noutros partidos de direita, mas só conseguiram ter sucesso eleitoral no Chega. Escolhidos a olho, próximos do líder, os 11 que acompanham André Ventura não são mais do que megafones do partido, sobretudo nas redes sociais, onde citam constantemente o presidente. Trilharam na sombra o seu caminho até às cadeiras da Assembleia da República, mas quem são e o que pensam os novos deputados "anti-sistema" que vão atrás de António Costa?

Diogo Pacheco de Amorim, o antigo militante da extrema-direita armada que é candidato a vice-presidente da Assembleia da República

Entre os 11 novos deputados do Chega, Pacheco de Amorim é o mais velho, o mais experiente e o que tem mais História. E na verdade não será um estreante na Assembleia da República, pois já tinha substituído André Ventura durante a campanha para as eleições autárquicas de 2021. O peso que tem no partido mede-se também pelo facto de ser o escolhido do líder para se candidatar a uma das vice-presidências da Assembleia da República. Aliás, é considerado o ideólogo do Chega, ao ponto de ter redigido o primeiro programa eleitoral do partido, mas o seu passado diz muito mais do que isso.

Começou por ser um dos nacionalistas revolucionários do “Grupo da Cidadela” e juntou-se a José Miguel Júdice, Cavaleiro Brandão e Rui Moura Ramos num movimento estudantil da direita integracionista que contestava a descolonização e defendia Portugal e as províncias ultramarinas como um todo. Exilou-se em Madrid para fugir do Comando Operacional do Continente (COPCON), altura em que integrou o Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP), movimento armado de extrema-direita dos tempos do Processo Revolucionário em Curso (PREC), que marcou os anos seguintes ao 25 de abril de 1974.

Embora negue qualquer ligação às atividades militares do MDLP no período “quente” do pós-Revolução, o certo é que Pacheco de Amorim esteve no setor político do movimento liderado por António de Spínola, antigo Presidente da República, que terá alegadamente coordenado e promovido atentados bombistas e assaltos a sedes de partidos e organizações de esquerda. O caso mais marcante aconteceu no Norte do país, em 1976, quando o padre Maximino Barbosa de Sousa e a sua aluna Maria de Lurdes, de 19 anos, foram assassinados pela explosão de uma bomba no carro em que seguiam.

Passou também pelo Movimento Independente para a Reconstrução Nacional (MIRN), do controverso general Kaúlza de Arriaga, sempre na órbita da extrema-direita. Mas depois da turbulência do pós-Revolução acabaria por ter uma segunda “vida política” na direita integrada no regime democrático, desde logo no CDS, onde foi assessor de Diogo Freitas do Amaral e chefe de gabinete de Manuel Monteiro. Posteriormente acompanhou Monteiro no partido Nova Democracia (que durou cerca de 12 anos), tendo concebido a base programática e ideológica que viria a replicar no Chega já em 2019.

Ao embarcar no partido de Ventura, após um período de afastamento da atividade política, Pacheco de Amorim, com 72 anos de idade, volta a aproximar-se do extremo. É vice-presidente do Chega, acaba de ser eleito deputado (pelo círculo do Porto) e tem acompanhado o líder em todos os momentos-chave.

 

Rui Paulo Sousa, o ex-Aliança que “casou” com o Chega e até foi de férias com Ventura

Numa intervenção no IV Congresso Nacional do partido Chega, Rui Paulo Sousa fez saber que, tal como Ventura, não confiava em todos os que ali estavam presentes. Não fosse este o presidente da Comissão de Ética do partido, conhecida pela polémica “lei da rolha” que expulsou mais de 70 militantes. Além deste cargo, Sousa é ainda vogal da direção do Chega desde 2020, agora eleito deputado pelo círculo eleitoral de Lisboa.

“Aqueles que conspiram nas nossas costas, aqueles que se escondem atrás de perfis falsos nas redes, aqueles que nos difamam, nos acusam de falsidades… Para esses nós temos apenas uma única resposta: Não nos vão vencer. E não tenho qualquer dúvida de que muitos deles estão aqui hoje presentes”, avisou.

Estas palavras, aplaudidas durante largos segundos, lembram as de Ventura, que agora garante que essa “lei da rolha” não se aplicará à bancada parlamentar do seu partido. Mas de onde veio Sousa? E como foi subindo no Chega?

Licenciado em Gestão de Empresas e sócio na empresa Villabosque – Espargos Verdes do Ribatejo, em 2019 apresentava-se como o cabeça-de-lista do partido Aliança (fundado por Pedro Santana Lopes, ex-líder do PSD), pelo distrito de Santarém, às legislativas desse ano. No entanto, poucos dias depois das eleições, o empresário pediu a demissão do cargo de coordenador da concelhia de Santarém e desfiliou-se mesmo do partido.

Segundo o próprio, questões como a tauromaquia e a permanência no ensino da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica foram cruciais para a desfiliação. Além dos resultados do partido que ficaram aquém do esperado. Com o Chega, o problema não se verificou. Em 2021 concorreu à presidência da Câmara Municipal de Castelo Branco, sem sucesso, mas o Chega obteve 7,18% dos votos nesse concelho. Em 2022 foi mesmo eleito deputado pelo círculo de Lisboa, onde o Chega alcançou 7,77% dos votos.

A relação com a imprensa não é a melhor e já fez saber que os “tribunais terão a resposta” para alegados “ataques” da comunicação social ao grupo parlamentar do Chega. O empresário agrícola, que até passou férias com Ventura no estrangeiro, parece estar a preparar um “casamento” duradouro com o partido que o levou à Assembleia da República.

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Pedro Frazão, o deputado mais “fértil” que diz estar vacinado contra o comunismo e o socialismo

Tem um total de sete filhos, é supranumerário da Opus Dei e médico veterinário nos tempos livres. Não demorou mais do que dois anos para cair nas graças de Ventura e chegou a vereador na Câmara Municipal de Santarém. É um dos muitos braços do líder do Chega e em momento algum contestou medidas do partido.

Recentemente promovido a vice-presidente do partido, Pedro Frazão já foi militante do PSD e em meados de 2012 até levou a família, então com quatro filhos, a participar numa reportagem da rádio Renascença. Na altura, a “família Frazão” fazia 93 litros de sopa por mês e comia 62 pacotes de bolachas Maria. “Não somos ricos, não somos pobres. Queremos ser tratados com equidade e justiça. Hoje os seis contribuímos para o crescimento económico do país, amanhã os nossos filhos vão pagar as nossas reformas e ajudar a pagar as reformas de mais pessoas”, dizia.

Apesar de ser veterinário, Frazão estudou Biologia Marinha e Pescas na Universidade do Algarve. Hoje diz querer acabar com a representação parlamentar dos comunistas e, no Twitter, onde é muito ativo, já disparou ofensas contra quase todo o espectro político de esquerda. Uma delas direcionada a Joacine Katar Moreira, eleita deputada pelo Livre em 2019. À porta do gabinete da deputada, na Assembleia da República, Frazão fotografou-se a tapar com dois dedos as letras “l” e “o” no termo “descolonizar”, de forma a ficar “desconizar este lugar”.

O católico praticante, que é ainda um defensor acérrimo das touradas, chegou a referir que ser oriundo de Almada “foi uma vacina prática anti-comunista e anti-socialista“.

 

Pedro Pessanha, expulso do CDS-PP, garante que o Chega não será “muleta” desse partido

Se o nome não lhe é estranho é porque também este novo eleito deputado do Chega já fez parte da política nacional, tendo sido presidente do núcleo de Cascais do CDS-PP. Em 2013, porém, Pedro Pessanha acabou por ser expulso do partido.

Presidente da distrital de Lisboa do Chega desde 9 de abril de 2019, licenciado em Gestão, com 54 anos de idade, o agora deputado acredita – ou assim disse na II Convenção Nacional do partido – que “quem achar que o Chega pode vir a ser um PSD ou um CDS bis, com um discurso mais assertivo, ou seja, um Chega a servir de muleta ao socialismo mais ou menos democrático, está enganado e mais vale que arrepie caminho”.

Sem se esquecer de mencionar os “abusos” no Rendimenso Social de Inserção (RSI), a “luta contra a corrupção” e o “líder André Ventura”, Pessanha parece utilizar as mesmas técnicas que os seus outros companheiros políticos. Falar sobre, de e com Ventura. Considera que foi com o 25 de novembro que Portugal teve o seu “primeiro dia de liberdade” e foi acusado por Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, de assessorar “vários negócios do ex-BES Angola (BESA)”, hoje denominado como Banco Económico.

A relação com a imprensa também parece ser marcada pela hostilidade, alinhado com os demais membros do partido. Pessanha afirmou esta quinta-feira no Facebook que vai “aguardar calmamente o desenrolar destes ataques” da comunicação social e que, “caso seja necessário”, tenciona “agir em conformidade“.

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Rita Matias, a “anti-feminista” que ouve e replica Giorgia Meloni

Única mulher e a mais nova deputada eleita pelo Chega nestas eleições legislativas, Rita Matias já se estreou em entrevistas e debates, mas parece que a série de contradições em que se viu envolvida não foram a melhor maneira de entrar na política.

Num partido avesso ao nepotismo, Rita Matias, licenciada em Ciência Política pelo ISCTE, chegou a deputada com apenas 23 anos. É filha de Manuel Matias, antigo presidente do Partido Pró-Vida/Cidadania e Democracia Cristã (PPV) – do qual Rita Matias chegou a fazer parte – e atual assessor parlamentar do Chega.

Além de Rita Matias, também José Maria Matias, o irmão, foi o 5º candidato pelo Chega à Câmara Municipal de Lisboa. Como ele, Paulo Renato Matias, tio dos dois jovens, foi candidato à Junta de Freguesia de Benfica, ocupando o sexto lugar nas listas do partido.

Em junho de 2021, o Polígrafo noticiou que Rita Matias tinha plagiado um discurso de 2019 proferido por líder da extrema-direita italiana, Giorgia Meloni. As semelhanças entre os dois discursos eram inegáveis e verificavam-se, aliás, também na postura e no tom com que foram proferidas as frases em causa.

Na altura, Rita Matias confessava ao Polígrafo que, no que toca à defesa do papel da mulher, da dignidade da vida humana e da família, seguia figuras como “Rocío Monasterio, Giorgia Meloni ou Abby Johnson”, a primeira presidente do Vox em Madrid e a última uma ativista anti-aborto norte-americana.

Para uma “anti-feminista” e conservadora de direita como Rita Matias se descreve, não deixa de apontar quase exclusivamente nomes de mulheres como principais referências políticas.

 

Rui Afonso estreou-se no Chega, mas admira Francisco Sá Carneiro

Foi eleito deputado pelo círculo do Porto, como o sotaque não deixa esconder. Agora com 42 anos, diz ter-se iniciado na política aos 40 anos, com o nascimento do Chega. É a favor da prisão perpétua e da castração química de pedófilos e representa a faixa mais extrema do partido, já que as considera “bandeiras que nunca podemos renunciar“.

Fala no plural e, em recente entrevista ao portal “Jornalismo Porto Net” diz mesmo que “uma pessoa que mata uma pessoa, que viola e mata uma criança, haver uma pena máxima de 25 anos, chega a uma altura em que as penas são todas levadas na mesma medida. Não acreditamos nisso. Achamos que há pessoas que, efetivamente, nunca mais poderão sair da prisão“.

A castração química também não “choca” o agora deputado, que acredita que é esta a forma de resolver o “problema mental” que leva pedófilos a violarem: “Há pedófilos que violam porque têm um problema mental e, nesses casos, a única forma de o impedir que volte a reincidir será, realmente, fazer um tratamento químico que lhe iniba essa vontade. Não me choca nada, se existe essa situação, poder ser aplicado um tratamento que iniba a pessoa de voltar a fazer uma situação, magoar uma pessoa inocente, uma criança”.

É bancário, formado em Relações Públicas e presidente da distrital do Chega na cidade onde foi eleito. No Facebook já mandou todos aqueles que fizeram “campanha contra o Chega” dar uma “volta” a partidos como o ADN, o CDS-PP ou “até no PSD” (ele que é um admirador confesso de Francisco Sá Carneiro), mas não sem antes darem “um salto à escola para aprender a fazer contas”.

 

Gabriel Mithá Ribeiro, membro de uma “minoria racial” que pretende inverter o debate sobre o racismo e o colonialismo

Licenciado em História, mestre e doutorado em Estudos Africanos. Mithá Ribeiro, 57 anos, é a carta “intelectual” do Chega com que Ventura tem jogado em debates frente a outras forças políticas. Coordenador do gabinete de estudos do Chega e vice-presidente do partido, Mithá Ribeiro já esteve no PSD, tem ascendência islâmica por parte da mãe e vive “na fronteira entre o formalismo católico e uma prática islâmica“.

Apesar disso, não deixa de concordar com a proposta do Chega de impor quotas na imigração de islâmicos e diz que “no tempo colonial, em Moçambique, não havia atropelos entre os islâmicos e os católicos cristãos” e que”a tradição islâmica coloca às sociedades ocidentais alguns desafios que não podem ser tolerados“.

Não acredita na existência de racismo em Portugal e publicou um livro com o título “O colonialismo nunca existiu!”. Ainda assim, num artigo de 29 de setembro de 2021 publicado no jornal “Observador”, o agora deputado escreveu o seguinte:

“Como primeiro cabeça-de-lista pertencente a uma minoria racial candidato à Câmara Municipal de Alcochete, também se fez História. Com frases como: ‘Ainda por cima, o candidato [do Chega] é arraçado de preto’ ou ‘O homem parece um refugiado da Etiópia… Nojento’. Sentenças de socialistas e comunistas sempre queridos, justos, progressistas e anti-racistas. Foi em Alcochete, mas poderia ser noutro qualquer Esquerdistão.”

Numa rápida ascensão ao núcleo duro do partido, Mithá Ribeiro chegou a defender, num artigo, que Hitler e Mussolini foram “amordaçados pela ditadura mental”. Mais recentemente foi acusado de defender a violência dentro das salas de aula, facto que também o Polígrafo confirmou como sendo verdadeiro.

 

Filipe Melo seria um alvo fácil do Chega… Se não fosse desse partido

Em tempos acusado de xenofobia dentro do partido, Filipe Melo escreveu um post na sua página pessoal de Facebook onde escrevia sobre Cibelli Pinheiro de Almeida, a então presidente da Mesa da Assembleia Distrital: “Não vai ser uma brasileira que vai mandar nos destinos de um partido nacionalista, patriótico. Nunca, não permitirei.”

Possivelmente alertado para o cariz xenófobo da publicação, Filipe Melo editou-a substituindo “brasileira” por “senhora”, inclusive no parágrafo final: “Se essa senhora não se preocupa com o futuro do partido e do nosso líder, vamos mostrar de que raça somos feitos.” Cibelli Almeida acabaria por se demitir e as eleições para a distrital de Braga do Chega, marcadas para dezembro de 2020, tiveram mesmo que ser conduzidas pela Mesa da Convenção Nacional.

Apesar desta já conhecida polémica, o que agora está em causa é um alegado registo do nome de Filipe Melo na Lista Pública de Execuções. Esta lista pode ser consultada no portal Citius e identifica um a um os executados “em relação aos quais não se conseguiu encontrar bens penhoráveis suficientes para pagar as dívidas“.

À data da consulta feita pelo jornal Polígrafo, 31 de janeiro de 2022, a Lista Pública de Execuções apresentava um total de 192.349 registos, de entre os quais três pertencentes a António Filipe Dias Melo Peixoto. Com um intervalo de cerca de um ano entre as três execuções, Filipe Melo foi condenado pelo Tribunal Judicial da Comarca de Braga a pagar um total de 80.493,55 euros na sequência dos processos de execução.

O mais recente, extinto a 29 de novembro de 2021, resultou numa dívida de 771 euros. A mais elevada tinha sido incluída na Lista Pública de Execuções mais de um ano antes, a 2 de novembro e 2020, e resultava num total de 75.575,90 euros.

Maria Helena Costa, Presidente da Associação Família Conservadora e dirigente da concelhia do Chega da Póvoa do Varzim, já teceu duras críticas ao caso, afirmando que “quem tem de facto dívidas ao fisco e contas a ajustar com a Justiça nunca deveria encabeçar uma lista ou ficar em lugar elegível”. Mais, “quem o fez, sabendo o que o partido defende e o escrutínio de que seria alvo, só pensou no seu próprio umbigo, em garantir um emprego e quatro anos de imunidade parlamentar“.

 

Pedro Pinto, ex-diretor de uma revista de tauromaquia para quem as alterações climáticas são uma “charada politicamente correta”

O antigo empresário de Portalegre, que também foi jornalista em publicações ligadas à tauromaquia, como a revista “Ruedo Ibérico”, onde assumiu o cargo de diretor, já tinha concorrido pelo Chega às eleições autárquicas de 2021, em Beja. Desfiliou-se do CDS-PP em 2019, quando Francisco Rodrigues dos Santos subiu à liderança.

A um jornal local disse querer abolir “as portagens na A22” e ainda criar o “Hospital Central do Algarve”, mas no Facebook há muitas outras bandeiras do partido que se destacam. Copia palavra a palavra as declarações de Ventura e nesta rede social funciona mesmo como megafone das “grandes” caras do partido. Agora que é uma delas, Pedro Pinto acredita que será “a voz de todos os algarvios“.

Numa publicação recente, a propósito da COP26, o agora deputado do Chega escreveu que “isto das alterações climáticas tornou-se numa charada politicamente correta. Sem interesse e sem qualquer consideração pelas famílias e pelas empresas. (…) A maior parte dos amantes do clima foi de avião para Glasgow (ao contrário do que defendem), ficaram em bons hotéis altamente poluentes e alguns até levaram extensas comitivas, como foi o caso do presidente Biden. Onde está o respeito pelo clima? Querem fazer o cidadão comum pagar pelo que eles não fazem nem querem fazer! Charada! Golpada!”

 

Jorge Valsassina Galveias protegeu o líder e ganhou passe direto para o Parlamento

Eleito deputado pelo círculo de Aveiro, o presidente da Mesa do Conselho Nacional do Chega não tem grande visibilidade dentro e fora do partido. Antes das eleições legislativas raramente apareceu na comunicação social e será mesmo, entre os 11 novos deputados, o menos conhecido.

Mas há um momento que poderá ter sido importante na sua ascensão até à bancada parlamentar do partido de Ventura. No Congresso Nacional que se realizou em 2021, na cidade de Viseu, Jorge Valsassina Galveias confirmou que foi impugnada uma das listas concorrentes à eleição de delegados na distrital de Lisboa, referindo que essa mesma lista apresentou “irregularidades insanáveis“.

Por causa disso foi acusado de censura dentro do partido e um grupo de militantes chegou mesmo a apelar ao boicote das eleições na distrital de Lisboa, considerando ser ilegal a suspensão de uma das listas concorrentes.

Nesse mesmo Congresso, Galveias não permitiu que fossem votadas sete moções críticas de Ventura, evocando um suposto “incumprimento de requisitos”. Segundo o jornal “Observador”, “todas [as recomendações] versam sobre alterações aos estatutos do partido e a quase totalidade (oito) pede mais democracia nas estruturas concelhias do Chega”, inclusive mencionando casos de nepotismo.

 

Bruno Nunes, o empresário (e antigo militante do PPM) que desafiou Ricardo Araújo Pereira para um debate

Ávido crítico do humorista Ricardo Araújo Pereira, que até já convidou para um debate, o agora eleito deputado do Chega diz ter chegado “ao final da campanha com as mãos inchadas de bater nestes comunas” e acha que as celebrações do 25 de abril são uma “festa do gastar dinheiro à toa” e um “negócio”.

Bruno Nunes assumiu o cargo de deputado independente em Loures pelo Partido Popular Monárquico (PPM), integrado numa coligação com o PSD, mas viu os seus ideais irem de encontro aos de Ventura enquanto este ainda fazia parte do PSD. Daí surgiu o “Basta”, que juntou Nunes e Ventura e, mais tarde, o “Chega”. É um dos alicerces do partido no concelho de Loures.

Em 2019, quando Joacine Katar Moreira foi eleita pelo Livre, Nunes disse que esta deputada “fez mais para alimentar o racismo num mês, que os racistas nos últimos 50 anos”. Bate-se pela celebração do 25 de novembro e faz questão de trocar o lema conhecido: “25 de novembro sempre! Comunismo nunca mais!

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