Luís Montenegro: “Tivemos zero mortes na sequência direta da falta de fornecimento de energia elétrica, ao contrário do que aconteceu em Espanha”
A afirmação de Luís Montenegro é corroborada pelos dados disponíveis até ao momento. Durante o apagão que afetou a Península Ibérica no último dia 28, não foram reportadas mortes diretamente atribuídas à falta de fornecimento de energia elétrica em Portugal. Em contraste, em Espanha, pelo menos cinco pessoas perderam a vida devido a circunstâncias que podem estar relacionadas com o apagão, como incêndios provocados por velas e intoxicações por monóxido de carbono.
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro
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Pedro Nuno Santos: “Não podemos dizer que as coisas correram bem do ponto de vista da comunicação por parte do Governo (…) Quando fazem o alerta de nível laranja às 19h30”
José Manuel Moura, Presidente da ANEPC (autoridade nacional de emergência e proteção civil), confirmou em conferência de imprensa esta quarta-feira, que houve às “19h30 a emissão de um comunicado técnico operacional de nível laranja”. A elevação do estado de alerta “teve como base os princípios da prevenção e da precaução”, referiu a propósito da hora de elevação do estado de alerta.
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro
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Luís Montenegro: “No ano passado a receita de IRC subiu dois mil milhões de euros”
De facto, a receita com o IRC (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas) subiu 17,7% em 2024, atingindo os 10,2 mil milhões de euros. No entanto, Montenegro esqueceu-se de referir que o ritmo de crescimento foi menor que o do ano anterior, quando a receita do IRC aumentou 22,3%. Foi um crescimento, sim. Mas mais lento do que em 2023.
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro, Mas…
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Pedro Nuno Santos: “Luís Montenegro tem duas faces: uma durante a campanha e outra para Bruxelas. Apresenta taxas de crescimento que não são previstas por ninguém, mas em Bruxelas apresenta taxas de crescimento inferiores a 2%”
De facto, no “Cenário Macroeconómico 2025-2029” que sustenta o Programa Eleitoral da AD referente às legislativas de maio, prevê-se um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) sempre em aceleração nos próximos anos, de 2,4% em 2025 até 3,2% em 2029.
No entanto, o Governo da AD entregou à Comissão Europeia o Plano Orçamental-Estrutural Nacional de Médio Prazo, no qual avança com uma conjetura de taxas de crescimento inferiores a 2% em 2027 e 2028. A confirmar-se, estará muito distante do nível de crescimento programado no “Cenário Macroeconómico 2025-2029” da AD, até ao nível de 3,2% em 2028.
Vale a pena destacar, porém, que como disse Luís Montenegro, o cenário entregue à CE pode ser comparado ao programa eleitoral, mas com muita “prudência”, já que este foi elaborado numa ótica de políticas invariantes e que, por isso, não atende ao efeito positivo que o Executivo esperava que as suas medidas tivessem.
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro, Mas…
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Luís Montenegro: “A execução financeira da FCT subiu mais de 50% em 2024”
Em 2024, a FCT registou um novo valor máximo de execução financeira, com um total de 833,3 milhões de euros transferidos para o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT). Mas foi um aumento de 42,2% em comparação com 2023, não foi superior a 50%.
Importa salientar que o Governo de Montenegro procedeu a um reforço orçamental em receitas de impostos, disponibilizando mais 187 milhões de euros à FCT entre setembro e dezembro de 2024.
Além da extrapolação da percentagem de aumento da execução em 2024, o selo de “Falso” aplica-se também ao momento em que Montenegro disse ser “mentira” o que Santos estava a dizer sobre o “corte na verba” para 2025. De facto, no OE2025, a verba para a FCT sofreu um corte de cerca de 70 milhões de euros (-10%) em comparação com o ano transato, baixando de 675 milhões para 607 milhões de euros. É o valor mais baixo desde 2018.
Avaliação do Polígrafo: Falso
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Pedro Nuno Santos: “Gás de botija ainda é pago por dois milhões de famílias e custa o dobro do que em Espanha”
Atualmente, cerca de 2,1 milhões de famílias em Portugal ainda utilizam gás de botija (gás engarrafado) para cozinhar e aquecer água em casa.
De acordo com o Relatório Mensal de Supervisão dos Preços do GPL Engarrafado da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) referente a março de 2025 (o mais recente), o preço médio da botija de gás butano de 13 quilos em Portugal era, nesse mês, de 34,25 euros.
Segundo a Galp Energia, a botija de gás butano de 12,5 quilos em Espanha (a que tem características mais próximas da comercializada em Portugal) tem um Preço de Venda ao Público Recomendado de 17,67 euros. Fazendo as contas, percebe-se que o preço praticado em Portugal está muito próximo de ser o dobro do espanhol (fica a 1,09 euros do dobro exato).
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro
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Luís Montenegro: “Prometi durante a campanha eleitoral um programa de emergência para a saúde nos primeiros 60 dias de mandato e cumpri”
Em maio de 2024, há cerca de um mês no Governo, a AD apresentou um Plano de Emergência e Transformação na Saúde que visou a “implementação de medidas urgentes e prioritárias que garantam o acesso a cuidados de saúde ajustados às necessidades da população, rentabilizando e maximizando a resposta do Serviço Nacional de Saúde”.
Entre as medidas imediatas previstas no documento estavam o “regime especial para admissão de médicos no SNS com mais de 2200 vagas, das quais cerca de 900 para novos médicos de família”, a “eliminação da lista de espera para cirurgia de doentes com cancro” ou a “criação de um programa cirúrgico para doentes não oncológicos”.
Ou seja, o compromisso de Luís Montenegro, apresentado em janeiro de 2024 durante a campanha para as legislativas desse ano, era apresentar, nos primeiros dois meses de Governo, um plano de emergência para executar até final de 2025 na área da saúde. E fê-lo.
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro
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Pedro Nuno Santos: “O Banco de Portugal fez um estudo sobre o impacto da redução de um ponto percentual no IRC no crescimento a médio-longo prazo. O impacto era de 0,1%”
O Banco de Portugal, no seu Boletim Económico de Dezembro de 2024, avaliou o impacto macroeconómico de uma redução permanente de um ponto percentual na taxa efetiva do IRC. De acordo com o estudo, no cenário mais favorável — em que as empresas reinvestem integralmente a poupança fiscal — a atividade económica aumentaria apenas cerca de 0,1% no longo prazo.
“Os resultados sugerem que a atividade aumenta em torno de 0,1% no longo prazo se a redução da taxa efetiva de IRC for totalmente reinvestida nas empresas, aumentando a sua capitalização. No cenário de reinvestimento total, a situação financeira mais favorável e os rácios de alavancagem mais baixos permitem às empresas melhores condições de financiamento, o que lhes facilita o aumento do investimento”, informa o BdP.
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro
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Luís Montenegro sobre a Spinumviva: “Dei as informações que me foram perguntadas até agora”
A declaração de Montenegro sobre a empresa familiar Spinunviva é falsa. Durante várias semanas o PM em funções foi questionado por jornalistas – e também por várias bancadas parlamentares – sobre os clientes da empresa especializada em gestão, orientação e assistência operacional às empresas. Nunca os revelou na totalidade. Só esta tarde, segundo noticiou o Expresso, o líder da AD substituiu a declaração de interesses, adicionando-lhe sete novos clientes.
Avaliação do Polígrafo: Falso
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Pedro Nuno Santos: “A economia crescia mais no último ano do PS do que no primeiro ano da AD”
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2023 – último ano integral do anterior Governo do PS -, Portugal registou um crescimento em volume do Produto Interno Bruto (PIB) ao nível de 2,5%.
Já em 2024, primeiro ano do Governo da AD, o PIB cresceu 1,9%.
Importa salientar que, nesses dois anos, o crescimento económico superou as previsões do Governo e do Banco de Portugal.
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro
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Luís Montenegro: “Duplicámos de 50% para 100% a comparticipação dos medicamentos prescritos para quem tem rendimentos mais baixos”
Foi publicado a 28 de maio o decreto-lei que aumentou de 50% para 100% a comparticipação de medicamentos para beneficiários do complemento solidário para idosos. A medida foi aprovada pelo Conselho de Ministros de 9 de maio de 2024. A medida beneficia cerca de 140 mil idosos, de acordo com o Governo.
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro
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Pedro Nuno Santos: “Temos mais 50 mil utentes sem médico de família do que há um ano”
De acordo com os últimos dados registados no portal “Transparência”, o número de utentes sem médico de família atribuído subiu de 1.552.666 em março de 2024 para 1.607.831 em março de 2025, perfazendo um aumento de 55.165.
No entanto, é importante destacar que nesse mesmo período, o número de utentes inscritos passou de 10.333.074 para 10.541.177, um aumento de 208.103.
Ou seja, houve um aumento no numero de utentes sem médico de família ao mesmo tempo o número total de utentes também subiu.
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro, Mas…
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Luís Montenegro: “A única decisão que foi tomada pelo Governo foi um recurso de uma decisão tomada pelo PS que indemnizava a Solverde em 18 milhões de euros”
A declaração de Montenegro não é totalmente precisa. De facto, a Solverde, empresa concessionária de casinos, iniciou um processo judicial contra o Estado, alegando prejuízos decorrentes da crise económica de 2008 e solicitando uma compensação. Este litígio foi remetido para o Tribunal Arbitral, que, em julho de 2024, já sob o Governo liderado por Luís Montenegro, decidiu a favor da Solverde, atribuindo-lhe uma indemnização de 15,5 milhões de euros, valor que, com juros, ascendia a aproximadamente 18 milhões de euros.
Como disse Montenegro à época, “o Estado, com a anuência deste Governo, decidiu interpor recurso e o Primeiro-Ministro não teve qualquer intervenção. No âmbito desse recurso, o Supremo Tribunal Administrativo julgou revogar a decisão arbitral”.
Problema: a declaração de Luís Montenegro sugere que a decisão de indemnizar a Solverde foi tomada pelo anterior Governo do PS. No entanto, a decisão arbitral que concedeu a indemnização ocorreu já durante o mandato do atual Governo.
Avaliação do Polígrafo: Impreciso
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Pedro Nuno Santos: “Chumbámos duas moções de censura”
É verdade que os socialistas votaram contra a moção de censura apresentada pelo Chega, a 21 de fevereiro de 2025. No entanto, umas semanas mais tarde, a 5 de março, abstiveram-se na votação da moção apresentada pelo PCP – não votaram contra, como afirmou o secretário-geral do PS.
Avaliação do Polígrafo: Impreciso
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