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Isaltino Morais soma polémicas em Oeiras. Histórias do autarca-modelo que sabe cozinhar, construir e ilegalizar

Este artigo tem mais de um ano
Entrou na Câmara Municipal de Oeiras pela primeira vez em 1986, altura em que começou a modelar o seu perfil de autarca: o Presidente "old-school" Isaltino Morais deixou na cidade uma marca indelével que só desvaneceu ligeiramente em abril de 2013, quando foi detido para cumprir pena de prisão por fraude fiscal e branqueamento de capitais. Em 2017, tornou à cidade por decisão absoluta das urnas: é aí que se mantém, até hoje, com um historial de obra-feita. Dos obeliscos aos almoços recheados, recorde os momentos mais polémicos do autarca de profissão Isaltino Morais.

Obeliscos, esculturas e (muito) dinheiro público

Isaltino Morais inaugurou um obelisco que custou 600 mil euros por ajuste direto?

Em abril de 2021, várias foram as críticas à Câmara Municipal de Oeiras por inaugurar, nas comemorações da Revolução dos Cravos, um obelisco no Parque dos Poetas, com o objetivo de homenagear poetas e escultores. O que estava em causa era o custo deste monumento, 600 mil euros, numa altura em que “o setor da cultura passa por tempos tenebrosos”.

À data, contactado pelo Polígrafo, Isaltino Morais confirmou os valores e defendeu a obra. “A maioria dos munícipes tem orgulho neste monumento”, afiançou. O autarca respondeu ainda às críticas, ao sublinhar que “há um claro aproveitamento político de algumas pessoas que nunca se importaram com os investimentos feitos no concelho e que, em ano de eleições autárquicas, decidiram aparecer”.

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Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro

Isaltino Morais inaugurou escultura que custou 375 mil euros por ajuste direto?

Em agosto do mesmo ano, o autarca oeirense inaugurava nova escultura no valor de 356,700 euros (incluindo o IVA). O contrato por ajuste direto, celebrado entre o Município de Oeiras e o artista plástico Rui Francisco de Brion Ramirez Sanches tinha um preço contratual de 290 mil euros (sem IVA) e visava a “aquisição de conjunto escultórico denominado ‘Permanência do Vinho Carcavelos'”.

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Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro

Gastos à lupa no Natal de Oeiras

Oeiras começou a instalar iluminação de Natal na primeira semana de setembro?

Há pouco mais de um ano, em setembro, nas redes sociais denunciava-se que a autarquia de Oeiras estaria já a montar as luzes de Natal. Os comentários, com teor irónico, dispararam: “O Natal é quando um calendário das autárquicas quiser”; “Sacanas das alterações climáticas, assim o calendário fica todo torcido.”

Contactada a autarquia de Isaltino Morais, confirmou-se que esta “começou a instalar a iluminação de Natal num vasto conjunto de arruamentos e edifícios do território”, tudo isto na primeira semana de setembro. “Trata-se de uma tradição que, além de contribuir para proporcionar às famílias uma quadra Natalícia mais feliz, através da valorização do património municipal e do espaço público, também fomenta e contribui para a dinamização do comércio tradicional, apoiando-se, desta forma, a economia local”, indicou a Câmara.

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Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro

Gastos de 20 mil euros em bolos-rei? Sim, mas para oferecer aos mais carenciados

No portal Base, a aquisição de bolos-rei pela quantia de 19.967 mil euros (+IVA) com recurso a ajuste direto, no Natal de 2021, motivou críticas nas redes sociais. Confrontada pelo Polígrafo com este gasto, a autarquia justificou que “adquiriu 4.100 bolos-rei”, mas que estes se destinaram a “várias instituições de solidariedade social, agentes de segurança e proteção civil, funcionários do município, associações, hospitais e unidades de saúde, entre outros”.

O objetivo, explicou a autarquia, seria “contribuir para que milhares de pessoas, que ao longo do ano trabalham pela comunidade, possam ter uma quadra natalícia mais feliz”.

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Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro

Guerras de Isaltino Morais com cartazes em Oeiras

Cartaz do Iniciativa Liberal a criticar a gestão do autarca de Oeiras foi removido?

“Confiaria as contas da sua casa a este homem?”. Era esta a pergunta feita no num outdoor com o rosto de Isaltino Morais a fumar um charuto, que foi afixado pelo núcleo de Oeiras do IL no concelho. Segundo noticiava o “Expresso“, o alcance da mensagem foi curto, isto porque, durante a noite e sem qualquer aviso prévio, o cartaz desapareceu da vista dos munícipes.

A Câmara de Oeiras admitiu ter removido o cartaz, uma vez que “ofendia o Presidente da Câmara de Oeiras“. Defendia ainda que o núcleo do partido de Oeiras não tinha informado a autarquia “da colocação do outdoor, tal como obriga a lei”. Bruno Mourão Martins, porta-voz da IL do núcleo de Oeiras, revelava ao jornal que, desde 21 de março, já tinha sido colocado outro cartaz do partido com a frase ‘Nação Valente'”. Ou seja, o cartaz só desapareceu quando a mensagem foi alterada.

Os liberais garantiram, em queixa à Comissão Nacional de Eleições (CNE), que o cartaz estava de acordo com a lei que regula o licenciamento e exercício de propaganda, denunciando a não notificação da decisão da retirada do outdoor – algo que, segundo a lei, deve acontecer.

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Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro

CNE mandou retirar cartazes que Isaltino Morais tapou com frases de protesto?

Há dois anos, em plena campanha para as eleições autárquicas de setembro de 2021, foram distribuídos 31 cartazes pelo município de Oeiras a destacar as obras em curso no concelho. Nesse agosto, Isaltino Morais era presidente da autarquia (eleito em 2017), mas também recandidato ao mesmo cargo.

Depois de receber queixas em relação ao conteúdo dos cartazes, que promovia a obra feita pelo Executivo do independente, a CNE determinou que configuravam publicidade institucional (proibida durante o período eleitoral), pelo que deveriam ser retirados.

Um painel preto foi colocado por cima dos cartazes considerados ilegais pela comissão. Mas não se mantiveram assim, a candidatura de Isaltino decidiu responder com uma crítica à entidade que regula as eleições em Portugal. Dias depois a frase “a CNE proíbe comunicar com os munícipes“, surgia na tela preta de cada um dos 31 cartazes.

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Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro

Cartaz de protesto contra a JMJ removido em Oeiras?

Três cartazes espalhados por Lisboa, com o grafismo da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), lembravam as 4.800 vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica. Poucas horas depois de ter sido afixado, um dos cartazes instalado em Algés foi removido pelos serviços municipais.

Ao Polígrafo, a Câmara Municipal de Oeiras garantiu que se tratava de “publicidade” sem o devido licenciamento municipal. Constitucionalista considerou que podia estar em causa “ato de censura com a a desculpa de não cumprimento de ordens regulamentares”. Um dia depois, os cartazes voltaram à rua.

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Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro

Almoços de trabalho; jantares em família

Vinho “banal” de Isaltino Morais custa quase 60 euros em garrafeira/supermercado?

Nos últimos dias, o autarca tem sido alvo de um escrutínio especialmente afiado, depois de uma investigação da revista “Sábado” ter revelado que Oeiras já pagou em mais de 1.441 almoços um total de 139 mil euros e que as faturas de Isaltino Morais e da sua equipa mostram um “consumo maciço de lavagante, sapateira, lagosta, sushi, ostras, leitão, camarão-tigre e presunto pata negra. E tabaco, vinho, saké afrodisíaco, aguardente e Moët & Chandon”.

Numa primeira fase, Isaltino Morais menosprezou as ostras, “o prato mais barato que há”. Numa outra, deu pouca importância ao vinho escolhido para acompanhar os pratos: afinal, “Pêra Manca” é “banal“, garantiu o autarca. Ao Polígrafo, o sommelier Gabriel Lourenço Silva explicou que o “Pêra Manca” é um vinho com nome e que, apesar de o Presidente de Oeiras ter razão quando diferencia o tinto do branco, a verdade é que também a garrafa de 59 euros não representa uma “banalidade”.

“O consumidor, quando ouve o nome ‘Pêra Manca’, posiciona o vinho numa classe de prestígio“, explicou o especialista. “O preço médio a que os vinhos são vendidos em Portugal está muito longe do preço de venda do ‘Pêra Manca’ branco. Num restaurante, onde Isaltino Morais diz que pagou 55 euros – não se vendem vinhos a um preço médio de 55 euros. Vende-se a 20, 25, eventualmente 30 euros”, acrescentou.

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Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro

Vídeo de Isaltino Morais a ensinar a cozinhar uma alheira é autêntico?

Agora, no “X” (antigo “Twitter”), o autarca voltou aos “assuntos do momento” com um vídeo em que mostra, passo a passo, como cozinhar uma alheira. Isaltino Morais é transmontano e, como tal, quis ensinar a Guilherme Leite, ator e fundador da Saloia TV, como conseguir uma alheira perfeita, com pele e sem recurso a azeite.

A entrevista remonta a abril de 2021, mas foi recuperada nas redes sociais para comprovar que Isaltino Morais é mesmo um homem da gastronomia: “Normalmente nos restaurantes servem-na [a alheira] sem a pele e fritam-na no óleo. Aquilo não fica bem, não é assim que se come a alheira.

Crítica feita, o processo é “simples”, garante o autarca oeirense: “A alheira coloca-se numa frigideira, sem qualquer óleo ou azeite, em lume o mais brando possível. Com um alfinete, pica-se de um lado e do outro. Vai-se virando e vai-se picando. A alheira fica inteirinha, crocante e frita. A pele fica crocante, porque à alheira deve comer-se a pele.”

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Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro

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