“Se isso acontecer, dêem-me uma corda para me enforcar”. Gouveia e Melo tinha rejeitado “entrada na política” no final de 2021?
Em declarações aos jornalistas e no âmbito de um encontro organizado pelo International Club of Portugal, em Lisboa, a 28 de outubro de 2021, Gouveia e Melo rejeitou a possibilidade de se candidatar a um cargo político.
Questionado pelos jornalistas sobre um eventual futuro político, o almirante respondeu: “Sou um militar, fiz a minha função. E agora estou nas minhas funções anteriores militares, com muito gosto.”
Durante o debate sobre “o processo de vacinação contra a Covid-19 em Portugal”, no qual foi orador, o então adjunto para o Planeamento e Coordenação do Estado-Maior General das Forças Armadas confessou, perante uma centena de pessoas, esperar não se “deixar cair na tentação” da política.
“Se isso acontecer, dêem-me uma corda para me enforcar“, pediu, com humor, segundo reportou a Agência Lusa na altura.
Na mesma ocasião, Gouveia e Melo afirmou: “Não tenho de preparar o meu papel [para um cargo futuro]. Eu sou um militar e o papel é o que me derem.” Recorde-se que, cerca de dois meses depois, foi nomeadopara o cargo de Chefe do Estado-Maior da Armada.
“A democracia não precisa de militares“, sublinhou. “Gosto muito de ser militar, mas o militarismo excessivo não faz sentido”.
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro
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Gouveia e Melo negou pertencer à maçonaria?
Henrique Gouveia e Melo até pode contar com o apoio de muitos portugueses, mas não é certo que tenha a validação deste utilizador do X que recusa “outro maçom” na liderança em Portugal.
“Já temos um maçon [SIC] assumido na liderança do Governo (Luís Montenegro) e agora estamos prestes a ter outro na liderança da Presidência da República (Gouveia e Melo)”, lê-se num “tweet” partilhado a 4 de janeiro. No entanto, a ligação de Henrique Gouveia e Melo à maçonaria, por esta altura, parece ser apenas de apoio, já que o ex-chefe da Armada negou ao Polígrafo, à data, pertencer a qualquer organização.
A resposta à mesma pergunta que lhe foi feita há um mês, quando Gouveia e Melo era apontado como maçom e recorreu ao site da Marinha para o desmentir, é um categórico “não”. Juras, só à Constituição. “Só jurei lealdade a uma coisa, enquanto militar: ao país e à Constituição. A nada mais”, disse ainda ao Polígrafo.
A versão de Gouveia e Melo é corroborada, em declarações ao “Observador“, por José Manuel Anes e Paulo Noguês, dois ex-dirigentes da Grande Loja Legal que apoiam agora o Almirante à Presidência. “O almirante não é da maçonaria”; “É uma mentira redonda“.
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro
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Bloco de Esquerda “declarou apoio” ao Almirante Gouveia e Melo para as eleições presidenciais?
“O Bloco de Esquerda já declarou apoio ao ‘Capitão Vacinas’”, destaca-se num vídeo, difundido no TikTok em março, remetendo para declarações do Almirante Henrique Gouveia e Melo sobre a imigração – “é um potencial que se for bem desenvolvido ajuda o nosso país” – que serão entendidas como um sinal (ou causa?) desse suposto apoio.
O problema é que não há qualquer notícia ou informação credível sobre o pretenso apoio do Bloco de Esquerda ao referido proto-candidato às eleições presidenciais.
Recorde-se que nas duas últimas eleições presidenciais, em 2016 e 2021, o Bloco de Esquerda apoiou a candidatura da sua militante (e eurodeputada nessa altura) Marisa Matias, a qual já afastoupublicamente a hipótese de se recandidatar em 2026.
Em janeiro deste ano, Matias defendeu a necessidade de uma candidatura “forte à esquerda”, alinhando com a posição da líder do partido, Mariana Mortágua. “O país é muito mais do que uma disputa entre a extrema-direita e a direita conservadora vendida à extrema-direita e, portanto, obviamente precisamos de uma candidatura forte à esquerda e espero que ela apareça”, disse Matias, atual deputada à Assembleia da República.
Até ao momento, o Bloco de Esquerda ainda não decidiu quem (ou se) vai apoiar nas próximas eleições presidenciais, agendadas para o início de 2026.
Avaliação do Polígrafo: Falso
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