Pedro Nuno apela ao feminismo mas vem de um partido sem mulheres na liderança?
O discurso de vitória do novo secretário-geral do PS, com travos feministas e com um grande apelo à igualdade de género, não colheu junto de críticos que argumentam que Pedro Nuno Santos vem de um partido que nunca teve uma líder mulher. É verdade?

Sim. Zero líderes, zero candidatas. O Partido Socialista teve ao longo da sua história, como o Polígrafo aliás verificou, nove secretários-gerais: Mário Soares (1973-1986); Vítor Constâncio (1986-1989); Jorge Sampaio (1989-1992); António Guterres (1992-2002); Eduardo Ferro Rodrigues (2002-2004); José Sócrates (2004-2011); António José Seguro (2011-2014); António Costa (2014-2023); e Pedro Nuno Santos (2023-).
No campo das candidaturas, e ao contrário do PSD ou do CDS-PP, por exemplo, também não há sinal de mulheres. Aliás, Pedro Nuno Santos reconheceu-o: PS é ainda um partido “machista” e há que “continuar a aperfeiçoar a lei da paridade“. Apesar disso, garantiu, frente a um grupo de mulheres socialistas, que foram os socialistas a tomar “a dianteira na defesa da igualdade de género e no combate pela igualdade de género em Portugal”.
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro
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Novo secretário-geral tem percurso quase exclusivamente ligado à política?
“O ‘percurso’ de Pedro Nuno Santos contado pelo próprio, aparentemente inconsciente do auto-retrato que está a traçar: ‘Um militante do PS desde sempre’; ‘Eu tenho todo um percurso que é feito dentro do PS.’ Verdadeiro e esclarecedor”, destaca “tweet” partilhado dias antes da eleição do sucessor de António Costa no PS. Será verdade?

Sim. Segundo a sua biografia, disponível no site da República Portuguesa, Pedro Nuno é um “neto de sapateiro” que ingressou na política ainda jovem, com 14 anos. Aos 18 assumia o seu primeiro lugar político como Presidente da Assembleia de Freguesia de São João da Madeira e aos 27 anos já era secretário-geral da Juventude Socialista (JS). Antes disso, quando terminou a licenciatura em Economia, Pedro Nuno ingressou no grupo empresarial da família, Grupo Tecmacal, mas nunca largou o lugar político.
Começou como deputado em 2005, na X legislatura, e voltou em 2011 e 2015. Foi ainda vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS e coordenador dos deputados do PS na Comissão de Economia e na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso BES. Entre 2010 e 2018 foi presidente da Federação de Aveiro do PS,
Entre novembro de 2015 e fevereiro de 2019 foi secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e, também em 2019, assumiu as funções de ministro das Infraestruturas e da Habitação. Ali ficou até 2022, quando se demitiu depois de uma sucessão de polémicas relacionadas com o caso TAP. Voltou a entrar na Assembleia da República como deputado e é agora o novo líder do partido no qual, disse ao Observador, milita “desde sempre”.
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro
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Pedro Nuno conseguiu menos de metade dos votos do total de militantes do PS?
Na rede social X, as contas são feitas de forma a esclarecer que, afinal, Pedro Nuno Santos não colheu o apoio da maioria dos militantes. Será?
O novo secretário-geral dos socialistas conseguiu 909 delegados e 24.080 dos votos (62%). Contas feitas ao total de militantes, Pedro Nuno teve o voto de cerca de 40%, ou seja, de menos de metade dos socialistas habilitados para votar. Recorde-se que José Luís Carneiro conseguiu 14.868 votos e 407 delegados (36%) e Daniel Adrião 382 votos e 5 delegados.
Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro
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