A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) informou o Polígrafo que tem em curso um procedimento de averiguações sobre a realização e divulgação de um alegado inquérito de opinião do site “Sondelcerto – Sondagens On-Line”, que foi partilhado por André Ventura – nas redes sociais – como uma sondagem sobre as intenções de voto dos portugueses residentes no Canadá.
De acordo com os dados divulgados pelo líder do partido, na semana passada, o Chega destacava-se na primeira posição com 44,5% das intenções de voto, com uma vantagem clara sobre a AD e o PS – que em conjunto somavam menos de 30%. Alguns internautas levantaram dúvidas sobre a veracidade da sondagem, uma vez que a fonte mencionada – “Sondelcerto” – não surgia em resultados de pesquisa.
Aquando da publicação do líder do Chega, o Polígrafo tentou obter mais informações a respeito dos resultados deste estudo, mas não obteve resposta junto do partido, nem conseguiu encontrar mais detalhes sobre o site em questão ou sobre os dados apresentados.
Entretanto, esta segunda-feira (12 de maio), encontrámos um site da alegada empresa, que contava com a seguinte descrição: “A Sondelcerto é uma empresa fundada em 2018 que realiza inquéritos de opinião online sobre temas de interesse político e social junto de comunidades portuguesas no exterior.”
Nessa página está disponível um inquérito de opinião realizado no Canadá – com uma amostra de de 7.831 participantes – que exibe a mesma imagem que Ventura partilhou.
Contactada pelo Polígrafo, a ERC revelou que abriu um processo de averiguações sobre a atuação do site “Sondelcerto”, no âmbito da aplicação da Lei das Sondagens. “A ERC esclarece que a ‘Sondelcerto’ não é uma entidade credenciada pela ERC para a realização de sondagens“. Não consta portanto da lista atualizada das entidades credenciadas pela ERC para a realização de sondagens, ao abrigo da Lei n.º 10/2000, de 21 de junho (Lei das Sondagens).
A mesma entidade esclarece que ao contrário das sondagens, a realização de inquéritos de opinião dispensa o requisito de credenciação. No entanto, por imposição do n.º 1 do artigo 8.º da Lei das Sondagens, os responsáveis pela publicação de “inquéritos de opinião devem assegurar que os resultados apresentados sejam insusceptíveis de ser tomados como representativos de um universo mais abrangente que o das pessoas questionadas”.
Para cumprir esta exigência, a publicação de inquéritos de opinião deve ser acompanhada de “advertência expressa e claramente visível ou audível de que tais resultados não permitem, cientificamente, generalizações, representando, apenas, a opinião dos inquiridos”.
