O CEO da Prozis, uma empresa de suplementação desportiva, paga por muita coisa: para uma conta verificada no X, por um anúncio com propaganda anti-aborto que foi e será transmitido nos três canais generalistas em Portugal e até a partidos políticos que não acompanha, como é o caso do Bloco de Esquerda.
Segundo Miguel Milhão, que ficou conhecido – depois da sua marca – à boleia de declarações polémicas sobre o aborto (“It seems that unborn babies got their rights back in USA! Nature is healing!”, escreveu no LinkedIn a 26 de junho de 2022), a sua “primeira contribuição para um partido” foi feita ontem à tarde. Montante? Mil euros. Destinatário? Bloco de Esquerda. “Que o bloco nunca acabe”, desejou.
A “prova” que juntou ao “tweet” vale de pouco, na verdade: tem um NIF inventado e mostra apenas o formulário de doação preenchido, mas não revela se Milhão avançou ou não com o donativo. Quem o diz é mesmo o Bloco de Esquerda ao Polígrafo: até agora, o partido “não recebeu qualquer contribuição daquele montante, nem daquela origem”.
Se recebessem, porém, já sabiam o que fazer: “Se fosse verdade um pagamento de semelhante figura, seria feito um donativo equivalente a organizações sociais que lutem pelo acesso à IVG ou contra o racismo.”