Há vários dias que foi posto a circular, via WhatsApp, um vídeo em que se garante que a líder do CDS, Assunção Cristas, também foi protagonista de uma “presença-fantasma” no Parlamento, juntando-se assim ao lote de deputados que já foram identificados como tendo incorrido na mesma prática.
O vídeo, que tem 37 segundos, abre com uma declaração de Assunção Cristas à saída do Palácio de Belém. À pergunta de um jornalista sobre se os deputados apanhados no caso das “presenças-fantasmas” deviam deixar o Parlamento, a líder centrista afirmou o que se segue:
“O que eu quero dizer sobre isso é que como em todas as profissões e como em todas as funções, nós não somos todos iguais. Eu falo pelo CDS e no CDS não temos esses casos e cuidamos para que eles não existam.”
Logo de seguida, é colocado na imagem o registo de uma presença de Assunção Cristas no Parlamento no dia 12 de Outubro de 2018. Em cima da imagem, o seguinte texto, a encarnado: Cristas estava no Parlamento? Talvez NÃO.
Depois disso, o vídeo prossegue para uma imagem em que a dirigente do CDS surge a atravessar o corredor do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha, acompanhada por dirigentes do hospital. No topo está um relógio que marca 16h03m. Ao lado, o seguinte comentário: “Enquanto decorria o plenário, assunção Cristas visitava o Centro Hospitalar das Caldas da Rainha. Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço.”
O Polígrafo investigou o caso e concluiu que se trata de pura desinformação. A verdade é que de facto houve um plenário da Assembleia da República naquela sexta-feira, 12 de Outubro, mas ocorreu pelas 10 da manhã, como se pode facilmente constatar através da consulta da agenda do Parlamento, disponível online.
Assunção marcou presença na Assembleia e da parte da tarde deslocou-se efetivamente às Caldas da Rainha para visitar o hospital local – visita que foi inclusivamente noticiada pela imprensa local. A foto divulgada no vídeo é, pois, verdadeira, mas funciona em desfavor dos promotores desta fake news: é que ao sublinhar a hora a que Assunção esteve no hospital, torna possível realizar o cruzamento com a agenda desse dia no Parlamento. Mais: na página de Facebook de Isabel Santiago Henriques, fotógrafa do CDS, consta esta imagem, feita precisamente nesse dia, e que serviu de base para a manipulação:
Em resumo, trata-se de um vídeo adulterado que, como acontece com a desinformação mais tóxica (aquela que tem maior potencial viral), parte de uma informação verdadeira para depois a distorcer com o objetivo de corromper a verdade dos factos. A utilização do WhatsApp como plataforma de distribuição tem um fim óbvio: acelerar a circulação da informação, que deste modo rapidamente chegará a plataformas de massas como o Twitter ou o Facebook.