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Notícia Polígrafo: Movimento de Mário Machado foi banido do Facebook por ataque organizado de antifascistas

Este artigo tem mais de um ano
As páginas da Nova Ordem Social, com milhares de seguidores, foram expulsas daquela rede social na sequência de uma ação organizada de movimentos antifascistas nacionais e internacionais, que inundaram os servidores do Facebook com denúncias sobre as ideias extremistas defendidas pelo movimento liderado por Mário Machado

Dezenas de páginas (tanto a de âmbito nacional como as dos núcleos locais) do movimento de extrema-direita Nova Ordem Social (NOS), liderado por Mário Machado, foram banidas da rede social Facebook, na sequência de uma ação organizada de denúncias em que participaram movimentos antifascistas, nomeadamente a Frente Unitária Antifascista (FUA) que entretanto já foi alvo de represálias (isto é, denúncias contra as suas páginas) por parte do NOS. O ataque contra o NOS foi mais amplo e envolveu vários movimentos antifascistas internacionais, funcionando em rede.

A atividade “online” do movimento NOS ficou assim confinado a grupos estabelecidos na plataforma WhatsApp e a um blogue, no qual aliás informaram os seguidores de que foram “alvo de um ataque concertado da extrema-esquerda”. Em texto assinado por Machado e publicado no dia 10 de janeiro, lê-se que “a extrema-esquerda radical, intolerante e anti-democrática, lançou ontem de uma forma organizada um ataque à Nova Ordem Social. Em vários grupos, ‘chats’ e fóruns e concertadamente, fizeram milhares de denúncias das nossas páginas, grupos e perfis pessoais”.

“Como resultado, por duas vezes eliminaram-nos o grupo destinado a apoiantes da Nova Ordem Social que continha mais de um milhar de patriotas e baniram esta página principal do Facebook, que esteve ‘offline’ toda a manhã”, prossegue o texto. “Ao mesmo tempo, os administradores desta página foram bloqueados, e no caso de Mário Machado, chega a ser surreal, pois a justificação apresentada foi a sua foto de perfil não estar de acordo com as politicas do Facebook. Ora a foto em questão, é nada mais nada menos, o Mário de camisa e gravata, sentado num escritório de advocacia. A justificação para banirem a página seria um cartaz onde afirmámos que Salazar perseguiu os fascistas, como Rolão Preto. Um facto histórico! E uma cópia ‘ipsis verbis’ da deliberação da ERC sobre a ida de Machado à TVI… Surreal não é?”

“Sabemos perfeitamente que não existia liberdade de expressão no tempo de Salazar, isso é inegável, e obviamente não celebraremos nunca isso“, sublinham. “O que não podemos aceitar, como amantes da liberdade de expressão, é que os paladinos da democracia que agitam há 45 anos a bandeira da liberdade, venham agora tentar nos silenciar e amordaçar, seja nas redes sociais, seja nas televisões. Não aceitamos!” O texto em causa apresenta também os argumentos enviados como recurso da decisão de banimento da rede social Facebook, evocando no essencial que a “liberdade de expressão é um direito fundamental protegido pela Constituição da República Portuguesa“.

A guerra cibernética entre o NOS e a FUA tem outra frente de batalha. O NOS está a organizar uma manifestação sob o mote “Salazar faz muita falta!”, em homenagem a António de Oliveira Salazar, antigo líder do regime ditatorial do Estado Novo (agendada para o dia 1 de fevereiro, em Lisboa). Por seu lado, o FUA está a promover uma petição pública contra a realização dessa manifestação.

“A FUA apela a todos os que se orgulham de viver num Estado democrático que se juntem a nós neste esforço para travar uma mobilização que, além de claramente inconstitucional, é no fundo uma afronta e um voto ao esquecimento a todos os que dedicaram (ou perderam) a vida para quebrar as correntes da ditadura Salazarista. Permitir o branqueamento e a revisão histórica daquilo que o período da ditadura representou para os milhares de portugueses que durante décadas foram perseguidos, mortos, atirados para a guerra, para a pobreza e para o analfabetismo, não é gozar do direito à liberdade de expressão: é uma afronta direta à memória histórica com a qual devemos aprender e uma porta aberta para o retrocesso. A democracia deve ser trabalhada e melhorada? Sem dúvida, mas esse processo não pode ser liderado por saudosistas do fascismo e da ditadura militar”, defendem os militantes da FUA, no texto da petição.

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