
A inovação social faz parte do debate académico desde a viragem do século. Porém, foi por volta da crise financeira de 2008 que começámos a ver tendências globais no que respeita a inovação social.
É uma forma prática de resolver os principais problemas do nosso tempo. Enfrentar as mudanças climáticas e as suas repercussões, a migração, o envelhecimento da população, questões sociais, políticas, económicas e de saúde devem substituir a motivação capitalista para as aquisições.
Neste momento, temos já efetivamente um ecossistema de inovação social global com infinitas inovações em todo o mundo. No entanto, o impacto coletivo sobre a pobreza, a educação, a saúde e o meio ambiente não é suficiente. A pandemia mostrou como as infraestruturas e as economias de muitos países são frágeis quando se trata de lidar com uma grande crise. Para garantir um futuro para a humanidade, é necessária uma mudança sistémica a todos os níveis.
O que está a moldar as tendências globais em inovação social?
Estamos quase a entrar na terceira década do século XXI. Os desafios que temos pela frente são enormes. No futuro, o próprio âmbito dos desafios económicos, ambientais e sociais deverá criar uma nova era de colaboração. Governos, empresas, indivíduos e organizações têm o dever moral de enfrentar essas questões globalmente com criatividade, responsabilidade e, acima de tudo, urgência.
De acordo com o artigo “Social Innovation to answer Societal Challenges,2014, por Frost and Sullivan, entre agora e 2030 haverá uma necessidade urgente de harmonizar todas as formas díspares de inovação para enfrentar os desafios globais. O momento é agora de convergência e colaboração.
Os desafios globais definidos pelas Nações Unidas como Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SGD) só podem ser alcançados por meio da colaboração. E a inovação social é uma parte fundamental da estrutura necessária para atingir isso.
As tendências dos meios de comunicação variam entre países e regiões. Em África, o foco da inovação social está no desemprego, saúde, desigualdade e pobreza. Na América do Norte e na Europa, o foco está mais nas mudanças climáticas, usando a inovação tecnológica e como lidar com o envelhecimento da população.
As áreas de foco são abrangentes
De acordo com Tendências de Inovação Social 2020-2030, foram identificadas as seguintes tendências como as áreas de foco:
- Inovação social digital
- Democracia digital??
- Digitalização da saúde/ E-saúde
- Dados sociais
- Saúde
- Redução de resíduos plásticos
- Moda revolucionária
- Mudança dos padrões sistémicos de consumo
- Cidades inteligentes
- Mudança de comportamentos e atitudes
- Inclusão
- Redução da pegada ambiental
- Partilha de produtos, serviços e recursos
- Lidar com o envelhecimento da população
- Segurança alimentar
- Refugiados e migração
- Energia renovável
- Alojamento
- Educação
- Soluções de saúde para doenças.
A inovação social oferece uma perspetiva totalmente nova sobre como podemos enfrentar coletivamente os problemas endémicos da nossa sociedade global. As tendências que veremos nos próximos dez anos baseiam-se nas 17 ODS da ONU. A COVID-19 fez sobressair a urgência com que o mundo agora precisa de agir.
Quais são os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU?
Os ODS são grandes objetivos. Alcançá-los nos próximos dez anos exigirá novas formas de inovação, colaboração e desenvolvimento. O foco principal é incentivar a inovação nos lugares certos para dar respostas às corretas necessidades. Isso significa desencorajar qualquer inovação potencialmente prejudicial ou de interesse próprio.
- Erradicar a pobreza
- Erradicar a fome
- Saúde e bem-estar.
- Educação de qualidade.
- Igualdade de género
- Água limpa e saneamento básico
- Energia acessível e limpa
- Emprego digno e crescimento económico
- Indústria, inovação e infra-estrutura
- Desigualdades reduzidas
- Cidades e comunidades sustentáveis
- Consumo e produção responsáveis
- Ação climática.
- Vida debaixo de água
- Vida na terra
- Paz, justiça e instituições fortes
- Parcerias para os objetivos
Estas metas foram estabelecidas por 193 países em 2015. Elas formam o que a ONU denomina global blueprint (planta global), ou seja, um modelo global para a paz, prosperidade e dignidade para as pessoas e o planeta. A adoção de objetivos globais e coletivos é uma parte importante para os alcançar, porque encorajam a mobilização social e criam uma forma de pressão dos pares para que o líder político os force efetivamente a mudanças.
Cada objetivo ODS é importante e os projetos que os abordam abrangem inovação social em toda a linha . Na base de todos eles está o ODS1: pobreza. Ao combater a pobreza global por meio de projetos de inovação social, muitos dos outros objetivos serão também alcançados.
Por exemplo, a Street Business School (SBS) mudou até agora a vida de milhares de mulheres a viver na pobreza . Ao empoderar as mulheres por meio de um rendimento para si mesmas, o benefício indireto melhora a saúde das suas famílias, fornece acesso à educação, leva a menores taxas de natalidade e a comunidades sustentáveis.
Projetos como este mostram que a inovação social funciona localmente. Pode e funcionará também globalmente. No rasto da pandemia, parece cada vez mais provável que as metas relacionadas com a pobreza irão abranger a Europa e a América do Norte. No dia 16 de dezembro, pela primeira vez na história da organização, a UNICEF está a ajudar a alimentar crianças com muitas necessidades no Reino Unido . Estamos a ver em primeira mão quantos problemas sistémicos existem em todos os países do mundo e acredito que as tendências de inovação social mudarão isto.
Nota editorial: N'Gunu Tiny é sócio do Polígrafo, detendo uma quota de 30% na respetiva estrutura societária.
