Tal como os verificadores de factos procuram apresentar provas e dados por detrás das declarações dos políticos e do que circula nas redes sociais, também procuramos evidências sobre o impacto do nosso próprio trabalho. Porque há anos que queremos perceber realmente se a verificação resulta. E há muitos estudos que mostram que vale a pena.
Por exemplo, experiências conduzidas em simultâneo na Argentina, Reino Unido, África do Sul e Nigéria mostraram que a verificação combate eficazmente a desinformação, ajudando a corrigir perceções erradas em contextos distintos — mesmo em países com realidades diferentes.
De acordo com investigadores citados pelo jornal espanhol de fact-checking “Maldita”, quando alguém se depara com um aviso de que o conteúdo que está a ler online é falso, isso reduz a disseminação da desinformação. Um estudo do MIT mostra que as etiquetas aplicadas por verificadores em redes sociais diminuem crença e intenção de partilha.
Um estudo sobre o trabalho do jornal argentino de fact-checking “Chequeado” nas eleições presidenciais argentinas de 2019 mostrou que a verificação limita a desinformação. As pessoas podem não mudar de opinião política, mas mudam de comportamento: partilham menos conteúdos classificados como falsos.
Esse trabalho revelou-se essencial em momentos críticos nos últimos anos — desde crises eleitorais e manifestações, até situações como a pandemia COVID-19, onde a desinformação foi uma ameaça global.
O trabalho dos verificadores foi repetidamente avaliado e demonstrou-se que ajuda a corrigir perceções erradas e a conter desinformação, seja através de correções textuais ou de etiquetas em plataformas digitais.
Esta questão ganhou nova relevância desde que a Meta anunciou o fim do programa Third Party Fact Checking nos Estados Unidos, substituindo-o por notas comunitárias semelhantes às do X. Embora um estudo na Nature reconheça que podem funcionar, chegam tarde, muitas vezes depois da propagação da mentira.
Ainda assim, dentro do X, os verificadores continuam a ser referência citada. Segundo o “Maldita”, são a terceira fonte mais mencionada nas notas comunitárias, atrás apenas do próprio X e da Wikipédia. E as notas com verificadores surgem mais rapidamente e são consideradas mais úteis.
Para perceber a importância da verificação, é preciso ter em conta o impacto direto da desinformação: não afeta apenas eleições ou democracias, mas também a saúde pública e a vida financeira de milhões de pessoas. É por isso que, hoje mais do que nunca, a verificação funciona.