O mundo está em rápida mudança e o universo dos media não foge a essa regra. Uma premissa que serviu de mote à mais recente análise do Observatório Ibérico de Media Digitais e da Desinformação (IBERIFIER) sobre o modo como esse ecossistema irá evoluir entre 2025 e 2030 – e que concluiu que o combate à desinformação e as ferramentas de Inteligência Artificial (IA) irão ter um papel de destaque.
O estudo, que se baseou na opinião de investigadores, mas também de diretores e gestores de empresas de media, mostrou que a IA e a verificação de factos são as “tendências mais consensuais” quando se perspetiva aquela que será a “evolução do ecossistema mediático ibérico” nestes próximos anos, refere a síntese deste relatório, a que o Polígrafo teve acesso.
No que toca à primeira das dimensões mencionadas, prevê-se que uma das tendências mais relevantes passe, de facto, por uma “integração generalizada da Inteligência Artificial (IA)”, com “aplicações extensivas” da mesma “na recolha, produção e distribuição de conteúdos. Além disso, a grande maioria dos gestores (94%) “acredita que a IA irá reforçar a experiência do utilizador, personalizando conteúdos e prevendo necessidades”.
Refere-se ainda, neste estudo, que a IA irá transformar os “paradigmas da produtividade e automação de tarefas”, ao aplicar-se, sobretudo, a “processos intermédios de produção” jornalística, como “resumos” ou “traduções”. Haverá, portanto, graças à adoção destas novas tecnologias, uma “mudança radical na produção de media” em matérias de “organização do trabalho e de sustentabilidade”: criando “novos desafios” que passarão, nomeadamente, pela “atração e gestão de talentos criativos”. Desafios esses que levam, até, a que quase metade dos gestores (43%) duvidem da “capacidade das redações para lidar com as mudanças” trazidas pela IA.
Porém, importa notar que a mesma percentagem de inquiridos a nível ibérico (94%) defende que o desenvolvimento destas ferramentas “vai criar uma ameaça acrescida à informação”, ao motivar “o surgimento de desinformação mais sofisticada e difícil de verificar”. Assim, a “resposta a este problema” passará pelo “desenvolvimento de programas de formação eficazes que permitam aos jornalistas e verificadores de factos adquirir ferramentas específicas” – tanto para “compreender a utilização da tecnologia”, como para promover a literacia mediática”. Sobre isto, refira-se que 79% dos inquiridos mostraram-se “empenhados” na promoção de “programas” desta natureza, destinados a consumidores.
Porém, perspetiva-se que outras tendências venham a marcar os próximos cinco anos. “O Big Data continuará a afirmar-se como uma ferramenta fundamental para a análise e a geração de conteúdos” e as audiências terão um “papel cada vez mais ativo”, ao exigirem “interatividade e personalização no consumo de media”. Por essas razões, “o jornalismo terá de se diferenciar ainda mais de outros conteúdos”, bem como aumentar o seu “rigor ético”.
Já no que toca às redes sociais, prevê-se um aumento do seu domínio no que à distribuição de conteúdos diz respeito, “obrigando os media a continuar a adaptar as suas estratégias de comunicação a um contexto de alteração de algoritmos e de saturação de informação”. A chave poderá passar, neste âmbito, pela aposta em “narrativas simples e visuais adaptadas ao consumo”, defende a maioria dos gestores inquiridos.