Durante os quatro dias de celebrações dos 70 anos de reinado, Isabel II realizou apenas duas aparições públicas, sempre na varanda do Palácio de Buckingham e acompanhada dos restantes membros da família real. Ontem, dia 5 de junho, no encerramento das festividades acenou durante alguns minutos à multidão que enchia a avenida The Mall enquanto se entoava o hino “God Save the Queen“.
No entanto, em muitos grupos nas redes sociais, o destaque não era dado às suas breves aparições, mas sim à sua ausência quase permanente durante a celebração do Jubileu de Platina. Fontes oficiais da Casa Real justificaram a situação com o estado de saúde frágil da monarca de 96 anos, mas os teóricos da conspiração não tardaram a relembrar as várias ocasiões em que, alegadamente, a morte da rainha já teria sido encoberta.
No Telegram, vários grupos disseminam este tipo de informação. Num canal em que as partilhas são realizadas em língua portuguesa, com mais de 21 mil subscritores, várias mensagens remetem para estas conspirações. Uma delas, publicada a 9 de abril, anunciava a morte do príncipe Philip, marido da rainha Isabel II.
“Como eu disse semanas atrás, o príncipe Philip de Edimburgo, o consorte da rainha, estava morto. Hoje a sua morte foi anunciada, então em alguns dias é possível que a morte daquele outro demónio, sua esposa Isabel, seja anunciada. Teremos que ver o duplo que fizeram no funeral de Estado”, alega-se no texto. A fonte indicada para esta informação é o canal “Notícias Rafapal”.

Este canal espanhol tem sido um dos principais propagadores de desinformação relacionada com a morte da monarca britânica e o seu alegado encobrimento.
Segundo a plataforma de verificação de factos “Maldita“, o canal com mais de 140.000 seguidores transmite conteúdos que falam da suposta morte da rainha há mais de uma ano. Em abril de 2021, afirmava-se neste e em outros grupos nas redes sociais que o encerramento temporário da estação “London Bridge“, em Londres, indicava a possibilidade de a monarca estar morta. Tal baseava-se no facto de a operação desenhada desde os anos 60 para a transferência de poder assim que a monarca falecer designar-se, alegadamente, “London Bridge“.
Ora, tal como noticiado na altura, a estação de metro foi encerrada por segurança no dia 21 de abril de 2021, devido à identificação de um artigo suspeito numa carruagem. A rainha Isabel II apareceu publicamente alguns dias depois numa chamada de vídeo a partir do Castelo de Windsor, verificando-se assim que esta informação era falsa.
O encontro entre Joe Biden e a rainha que não se realizou devido à sua suposta morte
Alguns meses depois, o canal espanhol “Notícias Rafapal” voltou a garantir que a monarca morrera e que o sucedido seria anunciado antes de 13 de junho de 2021, data em que a monarca iria receber a visita de Joe Biden no Castelo de Windsor.

Esta acabou por ser mais uma previsão falhada, a monarca compareceu no encontro com o presidente dos Estados Unidos da América a meados de junho. Já no final do mês, a 29 de junho, a rainha britânica fez outra aparição pública durante uma visita à Escócia.
Já em 2022, estes canais do Telegram, conhecidos por partilharem desinformações relacionada com a vacina da Covid-19 ou teorias da conspiração como “QAnon“, voltaram a espalhar a notícia da suposta morte da monarca. No dia 23 de fevereiro, o canal ” Notícias Rafapal” anunciou que “os rumores de que a rainha Elizabeth morreu” estavam de regresso.
O canal voltou a partilhar conteúdos da agência estatal russa RT em que se afirmava que “a rainha Isabel II poderia não comparecer à homenagem póstuma do príncipe Philip devido à deterioração da sua mobilidade“. O canal espanhol divulgou este conteúdo com a seguinte declaração: “Ela está morta“.
Tal como relembra a “Maldita”, por mais absurdas que possam parecer estas teorias da conspiração, a verdade é que milhares de pessoas não só acreditam nelas, como as partilham como se fossem verdadeiras. Sempre que detetar informação deste tipo, consulte órgãos de comunicação fidedignos e fontes oficiais para verificar se têm algum fundamento ou peça ao Polígrafo, ou a outras plataformas de fact-checking uma verificação.