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Eis como pode (e deve) desmontar rumores sobre as eleições intercalares dos Estados Unidos

Este artigo tem mais de um ano
Mais do que uma antevisão do desfecho das Presidenciais de 2024, as eleições intercalares dos Estados Unidos da América (EUA), que dividem hoje a meio o mandato de Joe Biden, permitem uma reorganização do Congresso, com a eleição de lugares no senado e até com a escolha de autarcas. Sobre o sufrágio, há pelo menos uma coisa que se pode prever: será alvo de "fake news", rumores e imprecisões. Aprenda a desmontar os mais comuns.

As eleições intercalares norte americanas decorrem hoje, o que leva os internautas a divulgar uma série de conteúdos imprecisos nas redes sociais. De forma a proteger-se deste tipo de desinformação, a plataforma de verificação de factos “Snopes” criou um guia com os rumores mais famosos que antecedem os sufrágios. Aprenda aqui a lidar com eles.

1. É possível haver mais votos do que eleitores registados? 

Nem por isso. Se lhe transmitirem esta teoria, é provável que a fonte esteja a citar dados incompletos ou desatualizados, ou até a usar indevidamente os termos “eleitor elegível” ou “eleitor registado“. Por exemplo, em 2020 Trump disse aos seus apoiantes, após a eleição, que a Pensilvânia registou “205 mil votos a mais” do que aquele que seria o número de eleitores. O problema? Na conta estavam números que não incluíam várias regiões, incluindo a Filadélfia.

2. Os famosos eleitores que usam as identidades de pessoas mortas para votar mais do que uma vez

Nova teoria, novas tácticas para que a possa desmentir:

1) As pessoas que faleceram não podem (por razões óbvias) notificar os funcionários eleitorais de que estão mortas e, por conseguinte, pedir para serem removidas das listas de eleitores. Assim, os conselhos eleitorais precisam de obter informações sobre os eleitores falecidos através de outros meios e remover manualmente os seus registos. Este processo continua a ser bastante complexo e moroso na maioria dos locais e, consequentemente, cada lista de eleitores contempla inúmeros registos ativos para eleitores que já morreram.

2) Muitos registos de eleitores foram transferidos do papel para bancos de dados online, mas alguns dos registos em papel originais não tinham informações completas para todos os campos usados nesses bancos de dados. Consequência? Quando faltam informações como uma data de nascimento, não é incomum que datas antigas, como “1/1/1900”, sejam inseridas nesse campo. Esta prática cria situações em que alguns eleitores registados parecem ser incrivelmente velhos (ou seja, mortos).

Nenhum destes factos pode ou deve ser utilizado como evidência de fraude eleitoral ou atividade suspeita em nome de funcionários eleitorais ou eleitores. A fraude eleitoral só ocorre se, e quando, alguém realmente votar utilizando a identidade de uma pessoa morta, uma forma de fraude que é extremamente rara.

3. Conclusões falsas sobre o momento dos resultados eleitorais

Se, durante a noite da eleição, um candidato estiver a ganhar (ou assim parecer), apenas para, no dia seguinte, o seu oponente vencer as eleições, isto não prova que possam ter ocorrido votações depois do fecho das urnas. Em vez disso, os votos são contados e processados de acordo com as leis dos EUA. Assim, nenhum Estado pode começar a divulgar as contagens não oficiais de votos até que a votação física termine no dia da eleição. Isso significa que, em Estados onde as pessoas podem votar mais cedo, ou onde a votação por correio é comum, os resultados iniciais na noite das eleições refletem as escolhas desses eleitores. O processo de contagem pode prolongar-se por horas ou dias e mudar significativamente os resultados de uma eleição.

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