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Três teorias (sem fundamento) sobre o atentado a Donald Trump

A 13 de julho de 2024, em plena campanha para as eleições presidenciais dos Estados Unidos da América, o ex-Presidente Donald Trump foi alvejado na orelha direita durante um comício em Butler, na Pensilvânia. Muito se especula sobre o que pode ter levado Thomas Crooks a alvejar o candidato republicano. Por conseguinte, o caso espalhou-se pelas redes sociais, existindo já bastante teorização em torno do caso.
© EPA/David Maxwell

Envolvimento do Governo

Muitos republicanos acreditam que o atentado foi obra dos democratas e liberais, acusando-os de terem conspirado o ataque contra Trump para influenciar de maneira negativa as suas ações de campanha. Há quem tenha vindo a defender que elementos do Governo e dos Serviços Secretos estavam orquestrados para que o incidente se concretizasse. Ao ponto de a referida agência federal estar agora sob escrutínio e investigação, na sequência do incidente.

A par da situação, o presidente do Comité de Segurança Interna da Câmara dos Representantes, o congressista republicano Mark Green, já demonstrou publicamente o seu desagrado através de uma publicação no X/Twitter, exigindo justificações e respostas sobre o atentado.

Mas facto é que, até ao momento, não existem dados que comprovem o envolvimento do Governo norte-americano neste ataque, apesar de essa tese estar a ser defendida por alguns elementos de partidos da oposição.

Motivações Políticas

Outra das teorias está relacionada com as razões que levaram Thomas Crooks a alvejar o candidato à presidência dos Estados Unidos, no contexto de um ataque que matou um espectador e causou dois feridos graves. 

Pela informação recolhida sobre o atirador sabe-se que já havia doado, em janeiro de 2021, 15 dólares a um comité de ação política alinhado com a causa democrata, chamado “Progressive Turnout Project”. Porém, Thomas Matthew Crooks encontrava-se registado como sendo um eleitor republicano – mais uma das contradições associadas a este caso. 

No momento do atentado, o jovem – que sempre foi considerado um bom aluno na escola e que se encontrava agora a trabalhar na cozinha de um lar de idosos – estava armado com uma espingarda semiautomática do tipo AR-15 e não tinha consigo a identificação. De maneira que, de acordo com o FBI, os investigadores tiveram de recorrer a amostras de ADN e a mecanismos de reconhecimento facial para o identificarem.

Segundo o historial de Crooks e o seu percurso, que tem vindo a ser investigado ao pormenor, não existem, até ao momento, evidências que comprovem a tese de que terá existido uma motivação ideológica clara na base deste ataque. 

Encenação do incidente

A teoria mais credível, na ótica da população norte-americana e, até, ao redor do mundo, é a de que toda a situação terá sido encenada pela própria campanha republicana. Tudo para passar a imagem de que Donald Trump não é só mais um candidato a concorrer às eleições, mas sim a “escolha certa” por persistir perante as adversidades e por não ir abaixo num ato de desordem e conflitos.

Numa altura em que cada voto conta, no contexto de umas eleições presidenciais que se esperam bastante disputadas, Trump viu, no entender daqueles que acreditam nesta teoria, uma oportunidade para ganhar mais visibilidade e repercussão nas redes sociais. De forma a trazer mais simpatizantes para o seu partido e a fazer crescer um sentimento de compaixão pelo próprio ex-Presidente.

Porém, o incidente não foi encenado. Importa lembrar que os Serviços Secretos dos Estados Unidos descreveram o incidente como uma tentativa de assassinato de Donald Trump e, além disso, que o Departamento de Segurança Interna reconheceu a existência de uma falha de segurança que possibilitou essa ocorrência.

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Geração V

Este artigo foi desenvolvido pelo Polígrafo no âmbito do projeto “Geração V – em nome da Verdade”, uma rede nacional de jovens fact-checkers. O projeto foi concretizado em parceria com a Fundação Porticus, que o financia. Os dados, informações ou pontos de vista expressos neste âmbito, são da responsabilidade dos autores, pessoas entrevistadas, editores e do próprio Polígrafo enquanto coordenador do projeto.

*Texto editado por Ema Gil Pires.

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