A Inteligência Artificial (IA) veio revolucionar o mundo tecnológico e trazer diversas possibilidades. Todavia, do mesmo modo que revoluciona, dá mais ferramentas aos difusores de desinformação.
No que diz respeito às fake news, tem vindo a registar-se um grande crescimento de conteúdo online que, apesar de se dissimular para que se assemelhe a artigos factuais, procura propagar informações falsas sobre os mais variados temas, desde a política, a conflitos ou questões relacionadas com o clima.
De acordo com dados da NewsGuard, organização norte-americana especialista em identificar desinformação gerada por inteligência artificial, desde maio de 2023 que os artigos gerados por IA “aumentaram mais de 1.000%”.
Mas o que é isto da IA afinal?
Tal como explica um artigo do Parlamento Europeu, a IA é “a capacidade que uma máquina tem para reproduzir competências semelhantes às humanas” tais como o “raciocínio, a aprendizagem, o planeamento e a criatividade”.
Ou seja, a o computador recebe uma quantidade de dados “já preparados ou recolhidos através dos seus próprios sensores”, processa-os e responde. Isto permite que a IA adapte “o seu comportamento, até certo ponto, através de uma análise dos efeitos das ações anteriores e de um trabalho autónomo”.
A desinformação gerada por IA pode surgir através de textos gerados automaticamente ou através de manipulação de imagens, por exemplo. Este tipo de conteúdo falso pode condicionar resultados eleitorais, gerar dúvidas na opinião pública sobre determinados assuntos e até influenciar a forma como as pessoas tomam decisões nas suas vidas.
E como identificar?
- Questione
Quando estiver na presença de um texto ou imagem questione, tenha espírito crítico e procure os dados apresentados em sites credíveis. Se uma alegação estiver apenas naquela publicação nas redes sociais ou num site que não conhece sem que tenha por base uma notícia de meios de comunicação credíveis ou fontes documentais que a sustentem, deve desconfiar.
- Esteja atento ao que lê
Excessivos erros, estrutura de texto ou padrões de linguagem que não pareçam naturais ou com um tom demasiado robótico são sinais de alerta. Repare, um humano não escreve de forma uniforme ao longo de um texto, há frases mais longas, outras mais curtas, raciocínios mais ou menos complexos ao longo de cada parágrafo. Depois tente detetar erros factuais porque apesar de a IA produzir textos coerentes, pode incluir informações falsas ou imprecisas e tornar-se fonte de desinformação.
- Nas imagens procure imperfeições
No que diz respeito às imagens, olhe com atenção. Procure defeitos nas mãos, nos olhos (se se tratar de um humano ou animal), imperfeições ou coisas estranhas que lhe saltam à vista na fotografia. Uma forma fácil de confirmar a veracidade da imagem é usar a pesquisa reversa do Google onde pode carregar uma imagem e ver se existem discussões ou pistas sobre a sua origem.
- Ferramentas que podem ser grandes aliados
Há várias ferramentas a que pode recorrer para avaliar se determinado texto é ou não gerado por um humano, ou se houve interferência da IA, ainda que a margem de erro exista. Ao seu dispor tem o AI Text Classifier, uma ferramenta gratuita e disponível online que analisa textos ou o GPTZero, um sistema criado por um jovem estudante que combina a complexidade do texto e as frases do mesmo. Para as imagens, além da ferramenta de pesquisa do Google, pode recorrer à ferramenta TinEye, uma ferramenta online capaz de fotografias visualmente semelhantes. Tem ainda a ferramenta SynthID lançada pela empresa DeepMind do grupo da Google.
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Este artigo foi desenvolvido pelo Polígrafo no âmbito do projeto “Geração V – em nome da Verdade”, uma rede nacional de jovens fact-checkers. O projeto foi concretizado em parceria com a Fundação Porticus, que o financia. Os dados, informações ou pontos de vista expressos neste âmbito, são da responsabilidade dos autores, pessoas entrevistadas, editores e do próprio Polígrafo enquanto coordenador do projeto.
*Texto editado por Marta Ferreira.