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WHATSAPP-CHECK: Há 890 mil trabalhadores precários em Portugal?

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Economia
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Os dados do desemprego em Portugal têm vindo a descer substancialmente nos últimos anos, mas com o aumento do emprego veio também o crescimento do emprego precário, que tem vindo a crescer gradualmente, sobretudo entre as mulheres.

Preocupados com a sempre delicada questão da precariedade laborar, vários leitores questionaram o Polígrafo através da sua linha de WhatsApp (968213823) sobre a veracidade de notícias colocadas a circular nas redes sociais nos últimos dias, segundo as quais há hoje mais trabalhadores com vínculo precário do que em 2011, ano em que a troika entrou em Portugal.

A resposta é sim. Segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) – e revelados em primeira mão pelo Jornal de Notícias – , o número de trabalhadores por conta de outrem com vínculos de trabalho precários tem subido em Portugal nos últimos sete anos.

As contas são fáceis de fazer: em 2011 registavam-se 817,6  mil trabalhadores nessa situação. No ano passado, eram mais 73 mil – ou seja, cerca de 89o mil.

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O setor dos serviços (áreas de turismo e saúde, por exemplo) é aquele em que o fenómeno se verifica com mais incidência: segundo o INE, nesta área de atividade trabalham mais de 531 mil pessoas com contrato a termo e mais de 116 mil noutras situações de contratos de trabalho, representando mais de 70% do total de trabalhadores por conta de outrem com vínculos precários.

Mulheres são mais precárias do que os homens

Se analisarmos a situação laboral por género, são as mulheres que têm mais contratos precários. Somando os vínculos com termo e os outros tipos de contratos, no ano passado, existiam mais de 458 mil mulheres nesta situação. Os homens eram 433 mil. Feitas as contas, os elementos do sexo feminino são quase mais 25 mil do que os do sexo masculino.

Em termos de evolução entre 2017 e 2018, registou-se um crescimento muito superior nos contratos a termo para as mulheres (4,2%) do que para os homens (0,3%). E o mesmo se passa para os outros tipos de contratos, com maior prevalência de vínculos atípicos nas mulheres. Num ano, subiu mais de 6%, enquanto que para os homens o aumento foi de metade, apenas 3,1%.

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Este estudo do INE surge num momento em que Portugal regista níveis historicamente baixos ao nível do desemprego. No último trimestre de 2018, segundo dados do INE, a taxa de desemprego foi 6,7%, igual à do trimestre anterior e inferior em 1,4 pontos percentuais à do trimestre homólogo de 2017.

O valor é o mais baixo desde o 1.º trimestre de 2011.Neste momento, a população desempregada é estimada em 349,1 mil pessoas. A população empregada, 4 883,0 mil pessoas, diminuiu 0,4% (19,8 mil) em relação ao trimestre anterior e aumentou 1,6% (78,1 mil) em relação ao homólogo.
A taxa de desemprego de jovens (15 a 24 anos) situa-se em 19,9%, menos 0,1% e 3,6%, respetivamente, que nos trimestres anterior e homólogo. A proporção de desempregados à procura de emprego há 12 e mais meses (longa duração) foi de 47,8%, menos 2,2% e 6,3%, respetivamente, que nos trimestres anterior e homólogo.

Avaliação do Polígrafo:

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