Tudo começou alegadamente com uma notícia da revista Ici Parisem 1969, que dava conta que o famoso empresário norte-americano Walt Disney teria contactado Bob Nelson, presidente da Cryonics Society of California, uma organização sem fins lucrativos, que se dedicava ao estudo e educação da criogenia – ciência que desenvolve tecnologias que permitem produzir temperaturas muito baixas. Walt Disney, a quem tinha sido diagnosticado um cancro no pulmão seis anos antes, resolveu, nessa altura, contactar o presidente para preservar o corpo numa câmara cheia de nitrogénio líquido.
O site de fact-checking norte-americano Snopes investigou o tema e concluiu que o rumor – que viria a ser divulgado publicamente pela revistaIci Paris, em 1969 – terá sido criado por um grupo de animadores que trabalhavam com Walt Disney, que tinham um “bizarro sentido de humor”.
Por outro lado, as primeiras alegações bibliográficas de que o fundador da Walt Disney Company teria interesse na criogenia apareceram em duas das suas biografias: “Disney World” (1986), de Robert Mosley, e “Walt Disney – Hollywood’s Dark Prince” (1993). Porém, sublinha o Snopes, muitos factos constantes dos livros em causa revelaram-se errados – e além disso a documentação que alegadamente suporta a intenção do empresário de preservar a sua vida só surgiu muitos anos após a sua morte, com fontes bastante duvidosas. Do que não há dúvidas é que o empresário foi cremado – a sua própria família confirmou-o.
Em resumo, conclui o Snopes, é provável que Walt Disney estivesse ciente dos avanços relativos à criogenia, dado que entre as décadas de 50 e 60 foram muitos os artigos e livros publicados sobre a temática. E é certo que Disney, um pioneiro em tantas áreas, tenha deixado um imaginário de alguém à frente do seu tempo. Mas é totalmente falsa a história segundo a qual foi alvo de um processo de criogenia.
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