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Visto no Twitter: “Cores da bandeira da Ucrânia foram adicionadas à bandeira LGBTQIA+”

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Internacional
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Com a chegada do mês do Orgulho LGBTQIA+ e com o prolongamento da invasão russa, está a tornar-se viral nas redes sociais uma “nova” bandeira, que agora inclui, supostamente, as cores da Ucrânia. No entanto, a imagem difundida foi manipulada e partilhada inicialmente como uma piada.

“Percebam que estão expulsando os gays da bandeira gay”, afirma-se num tweet partilhado no dia 24 de maio, que cita uma outra publicação que inclui uma imagem da alegada nova bandeira LGBTQIA+. Esta nova atualização tem as cores da bandeira da Ucrânia, mas será autêntica?

Não, a bandeira é uma sátira e não foi reconhecida como oficial. De acordo com as plataformas de fact-checkingSnopes” e “EFE Verifica”, a imagem foi publicada pela primeira vez por uma conta de Twitter, a 22 de maio, que garantia: “A bandeira atualizada desde 2022 está representada abaixo com cores inclusivas.”

A bandeira falsa tem sido amplamente partilhada nas redes sociais e até a deputada republicana Marjorie Taylor Greene espalhou a desinformação. “Será que os nazis do exército ucraniano sabem?”, ironizou a política norte-americana.

Vários utilizadores das redes sociais consideraram a bandeira “ridícula” e alguns até mencionaram o facto de a Ucrânia não aprovar o casamento gay. Perante a polémica gerada, a pessoa que começou por partilhar a imagem escreveu um novo tweet onde admitia que se tratava de uma montagem e que a publicou de forma “irónica”. “Não sei como uma congressista decidiu partilhar isto”, admitiu.

Nomeada “Bandeira do Orgulho Gay” pela organização não governamental que defende os direitos LGBTQIA+, OutRight Action International, a bandeira original com oito cores foi desenhada pelo ativista Gilbert Baker para o Desfile do Dia da Liberdade Gay de 1978, em São Francisco. No ano seguinte, os ativistas mudaram a bandeira – reduzindo o número de faixas para seis – de forma a baixar os custos e acompanhar a procura. Desde então, essa tem permanecido inalterada.

A sátira surge associada a outra bandeira, criada por Daniel Quasar, em 2018, para incorporar cores da bandeira do orgulho trans (branco, rosa claro e azul claro) e representar “comunidades marginalizadas (castanho, preto)” bem como aqueles que “vivem com SIDA e o estigma e preconceito que os rodeia, e aqueles que se perderam devido à doença (preto)”.

Em suma, a suposta nova bandeira teve origem como sátira e não está associada a nenhuma organização oficial LGBTQIA+. É importante referir que o Festival do Orgulho LGBTQIA+ de Dublin utilizou uma versão diferente da bandeira criada por Quasar, que contém azul e amarelo, para receber refugiados recentemente deslocados da Ucrânia. No entanto, essa bandeira não é semelhante à partilhada nas redes.

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Avaliação do Polígrafo:

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