“Oh, que alegria, o funeral de uma criança libanesa ‘morta’ pelas FDI [Forças de Defesa de Israel] teve um final feliz. Eu amo ressurreições”, lê-se num tweet, em tom de ironia, que está a circular desde setembro.
No vídeo vê-se um grupo de pessoas a carregar o que parece ser o corpo de uma criança e, quando um alarme toca, todos abandonam o suposto cadáver e fogem. De seguida, a criança levanta-se e começa a correr, levando a que, nas redes sociais, se difunda a ideia de que se tratam de mortes encenadas no Líbano.
Assim, será verdade que o vídeo mostra um funeral encenado de menino vítima de ataque israelita no Líbano?
Não, a alegação associada a este vídeo é falsa. Esta gravação não tem qualquer relação com a atual ofensiva israelita no Líbano. Na realidade, o vídeo foi filmado em março de 2020 na Jordânia, durante o início da pandemia da Covid-19.
Segundo o site de notícias “20fourMedia“, a “juventude” da Jordânia “inventou um truque para sair de casa”, tendo encenado um “funeral falso para um amigo”, de forma a poderem escapar-se. A encenação, que nada tem a ver com o conflito no Médio Oriente, aconteceu pouco depois de se ouvirem as sirenes que marcavam o início do confinamento.
Além disso, também a televisão síria “Orient News” dá conta da estratégia dos jovens para fugir ao confinamento.
Este mesmo vídeo já circulou anteriormente, sob diferentes narrativas falsas. Por exemplo em 2021, sob a alegação de que se tratavam de vítimas palestinianas de Israel ou em 2023 após o ataque do Hamas que gerou o conflito no Médio Oriente.
As imagens têm voltado a circular para manipular emoções e criar uma falsa narrativa em diferentes contextos de conflito. A alegação foi também desmontada pelo site de fact-checking espanhol “Maldita.es”, que identificou a origem e o verdadeiro contexto da gravação.
_______________________________
Este artigo foi desenvolvido pelo Polígrafo no âmbito do projeto “Geração V – em nome da Verdade”, uma rede nacional de jovens fact-checkers. O projeto foi concretizado em parceria com a Fundação Porticus, que o financia. Os dados, informações ou pontos de vista expressos neste âmbito, são da responsabilidade dos autores, pessoas entrevistadas, editores e do próprio Polígrafo enquanto coordenador do projeto.
*Texto editado por Marta Ferreira.
______________________________
Avaliação do Polígrafo: