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Vídeo mostra líder da comunidade do Bangladesh a ameaçar destruir Lisboa se alguém “tocar” num dos seus membros?

Sociedade
O que está em causa?
Este não é o primeiro vídeo em que um discurso do líder da Comunidade do Bangladesh em Lisboa é mal legendado. Desta vez, diz-se que Rana Taslim Uddin prometeu fazer Lisboa "desaparecer do mapa". Até André Ventura partilhou o registo, mas nada do que ali se lê é verdade.

Um vídeo partilhado originalmente no Youtube está a tornar-se viral no X, depois de um utilizador da rede social garantir que Rana Taslim Uddin, líder da Comunidade do Bangladesh em Lisboa, disse o seguinte: “Estão avisados: se tocam num deles, Lisboa desaparece do mapa.”

Rana Taslim Uddin estaria a ameaçar, assim, qualquer “português” ou “estrangeiro” que tocasse num membro daquela comunidade, sob pena de destruir a cidade de Lisboa. Mas será que foi mesmo isto que Uddin disse?

Não. Ao Polígrafo, Jayanti Dutta, docente e investigadora do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL) da Universidade de Lisboa, explica que o líder da comunidade do Bangladesh em Lisboa não ameaçou destruir a cidade, uma tese que é confirmada pelo próprio Uddin, em declarações ao Polígrafo, que explica que as legendas estão completamente truncadas.

Na verdade, o líder daquela comunidade fazia uma autocrítica e comentava as rixas internas entre os imigrantes do Bangladesh naquela zona e lamentava: “Se fosse qualquer português, africano ou estrangeiro a atacar-nos, nós poderíamos fazer um protesto e os jornais certamente publicavam notícias sobre isso. Mas foram vocês que fizeram isto e, por isso, se eu cuspir para cima, cai na minha testa.”

“O que eu lhes disse foi que não podia fazer nada e que tudo ficava a cargo da justiça”, completa Uddin, que deixa uma mensagem a André Ventura, que também partilhou o vídeo nas suas redes sociais: “Eu tinha um canal de Youtube com mais de 500 vídeos, era uma coleção para mim apenas, mas quando o sr. André Ventura começou a fazer isto tornei tudo privado. É populismo barato.”

O Polígrafo recorreu ainda à plataforma “Maestra”, que transcreveu toda a intervenção e confirmou a versão de Uddin.

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Avaliação do Polígrafo:

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