“Inglaterra. Islamista paquistanês que é o novo presidente da junta, diz à sua comunidade para aproveitar o processo democrático para votarem nele de modo a poderem implementar o califado (monarquia islâmica) na Inglaterra. Em breve veremos isto em Portugal. Já temos demasiados islamistas cá”, lê-se numa mensagem colocada em simultâneo sobre um vídeo partilhado no Instagram e Facebook e também na legenda desse mesmo post.
A publicação foi feita no dia 9 de junho e nela são mencionados o PS, PSD, Bloco de Esquerda, o Primeiro-Ministro Luís Montenegro, o Instituto da Segurança Social, as Finanças, o SNS24 e até a Santa Casa da Misericórdia. Além disso, indica-se em hashtag que a “imigração [está] descontrolada” e “Portugal [está] desgovernado”.
Mas será que o vídeo é autêntico e retrata um “islamista paquistanês que é o novo presidente da junta” a apelar ao voto para “implementar o califado”, tal como sugere o post?
Não. O vídeo é real, mas a narrativa colocada sobre o mesmo não é verdadeira. A figura exibida no vídeo é Muhammed Ali Islam, um candidato independente às eleições gerais marcadas para 4 de julho após o Parlamento ter sido dissolvido a pedido do Primeiro-Ministro britânico Rishi Sunak e autorizado pelo rei Carlos III.
Muhammed Ali Islam não é o “novo presidente da junta” como se aponta na publicação, é vereador no concelho de Manningham depois de, em maio, ter sido eleito com 4.100 votos nas eleições locais de Bradford, no Reino Unido. Eleições essas em que saiu vitorioso o Partido Trabalhista.
E é precisamente o Partido Trabalhista que o candidato ao Parlamento britânico quer derrotar. Tal verifica-se no vídeo original, publicado pelo próprio no dia 2 de junho no TikTok, em que o candidato de 20 anos sugere que se “tire vantagem do processo democrático” e se vote “contra aqueles que permitem que estas atrocidades aconteçam”. Na legenda desse mesmo vídeo, o independente é claro: “Usa o teu voto para vencer os trabalhistas.”
Mais, através de uma pesquisa pelo que defende o candidato, percebe-se que as “atrocidades” a que se referia dizem respeito à guerra na Palestina, uma vez que Muhammed Ali Islam é defensor de uma “Palestina livre”, e também não há qualquer indicação de que este discurso tenha a intenção de “implementar o califado”.
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