A história voltou a circular nas redes sociais nos últimos tempos, mas a maioria dos posts remete para uma publicação de 2017. Numa das publicações difundidas no Facebook, descreve-se o alegado diálogo entre uma funcionária da Via Verde e um cliente, que pretendia mudar a pilha do identificador que deixou de funcionar após sete anos de utilização. A funcionária sublinha que não é possível mudar a bateria do aparelho e que a única solução seria comprar um novo.

"Ou compra um dispositivo novo ou aluga, caso contrário fica com o contrato rescindido por avaria do equipamento." Informação secundada por um técnico da Via Verde, que foi chamado ao local: "Lá chamou um dos técnicos e o mesmo veio com a mesma conversa a dizer que tinha um componente electrónico que ao fim de algum tempo o equipamento tinha de ser substituído. E que não dava para abrir pois danifica o mesmo."

O autor do post conclui assim que foi alvo de uma "tentativa de extorsão" por parte da Brisa, tendo em conta que conseguiu mudar a pilha por sua própria conta e risco.

O Polígrafo contactou fonte oficial da Brisa que informa que "o identificador da Via Verde funciona, para todos os efeitos, como um meio de pagamento e, como tal, tem de dar as máximas garantias de fiabilidade e segurança no momento em que é usado e dita um débito na conta bancária a que está associado". A fiabilidade e segurança, diz a mesma fonte, "não é compatível com uma manipulação livre e não autorizada do equipamento, que a poderá pôr em causa".

"São os fabricantes desses equipamentos, e fornecedores da Via Verde, que recomendam que essa manipulação não seja feita e que não se responsabilizam por um deficiente funcionamento do identificador a partir do momento em que este tenha sido manipulado", sublinha.

"As alegações sobre as pilhas dos identificadores da Via Verde que ainda estão a circular nas redes sociais reportam a 2016-2017, e são da autoria de uma pessoa que faria negócio com a troca de pilhas de identificadores e baterias de outros equipamentos", acrescenta. A empresa é desmentida pelo autor, André Pereira, que em declaração escrita enviada ao Polígrafo sublinha que nunca ganhou dinheiro, "nem qualquer tipo de benefício financeiro" ou qualquer tipo de bem com esta situação. "Ganhei sim respeito e reconhecimento por ter exposto um esquema", conclui.

Em 2016-2017, a Via Verde "prestou todos os esclarecimentos aos Órgãos de Comunicação Social que a contactaram, bem como espontaneamente solicitou uma reunião com a DECO para prestar os mesmos esclarecimentos e responder a todas as perguntas dos seus técnicos relativamente às pilhas dos identificadores da Via Verde e sobre a respetiva substituição".

Antigamente, os identificadores da Via Verde tinham uma bateria que podia de facto ser substituída. Contudo, na altura em que este caso se tornou popular "os novos aderentes já recebiam identificadores cuja bateria/pilha já não se substituía".

Neste momento, a Via Verde tem duas modalidades de adesão ao serviço, nas quais o identificador é alugado em vez de comprado: "a modalidade Via Verde Livre, na qual o aluguer do identificador tem um preço anual de 5,75 euros, ou um preço mensal de 49 cêntimos" e "a modalidade Via Verde Leve, na qual o cliente paga 70 cêntimos por mês, mas apenas nos meses em que usa efetivamente a Via Verde." Nestas modalidades "quando o identificador deixa de funcionar, é substituído sem outro custo adicional para o cliente".

"Continua a existir uma modalidade de adesão com compra do identificador, com um preço de 35 euros (com extrato eletrónico) e, neste caso, quando o identificador chega ao seu fim de vida, a sua substituição fica a cargo do seu proprietário", conclui.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Nota Editorial 2: Este fact-check foi atualizado às 13h58 de terça-feira, 19 de Outubro. O título anterior foi alterado, uma vez que sugeria uma informação que poderia induzir os leitores em erro: a de que a Via Verde impede a mudança de pilha dos identificadores e obriga os utilizadores a comprar ou a alugar equipamentos novos caso eles deixem de funcionar. Ora, a impossibilidade de manipulação dos identificadores não é definida pela Via Verde: é imposta pelos fabricantes, que alegam questões de segurança para o justificar. Foram ainda acrescentadas as declarações de André Pereira, o autor da publicação original em análise.

Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:

Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações "Verdadeiro" ou "Maioritariamente Verdadeiro" nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:

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