O primeiro jornal português
de Fact-Checking

Ventura garantiu que o Chega votaria contra o Programa do Governo de Albuquerque mas acabou por o viabilizar?

Política
O que está em causa?
Em várias publicações nas redes sociais recorda-se que o líder do Chega, no início de junho, tinha dito que o seu partido iria "votar contra o Programa do Governo de Miguel Albuquerque" na Madeira, devido às suspeitas de corrupção que pendem sobre o líder do PSD Madeira e presidente do Governo Regional. Menos de um mês depois, porém, três deputados do Chega abstiveram-se, viabilizando a aprovação.

“André Ventura afirmou em junho que o Chega não se vendia pois tinha princípios, porque Portugal tinha que ser um país sem corrupção, um país limpo, e por isso diziamnãoao Governo de Albuquerque. Mas menos de um mês depois, o partido de extrema-direita ajudou a viabilizar o Programa do Governo de Miguel Albuquerque”, destaca-se num post de 6 de julho no Facebook, remetido ao Polígrafo para verificação de factos.

Realçam-se também algumas citações atribuídas a Ventura, líder do Chega, e datadas de 11 de junho de 2024, nomeadamente: “Não nos vendemos… nem nos deixamos comprar!”; “Albuquerque não tem condições para ser presidente nem na Madeira nem em lado nenhum de Portugal e nós não lhe daremos o nosso apoio”; “Ao apoiar Governos como este, como o de Albuquerque, até se pode ganhar votos… mas vamos perder futuro”; “Portugal tem que ser um país sem corrupção! Nós vamos dizer ‘não’ a este Governo de Albuquerque, porque no Chega os princípios não estão à venda, nunca estarão!”

De facto, as citações em causa foram transcritas a partir de um vídeo difundido pelo próprio Ventura no X/Twitter (e outras redes sociais) no dia 11 de junho. Aliás, no tweet em causa, a par do vídeo escrevia que “o Chega vai votar contra o Programa do Governo de Miguel Albuquerque!”

E reforçava a promessa: “Apesar das possíveis repercussões, o Chega não compactua com a corrupção! Estamos firmemente comprometidos em limpar Portugal. Pelos portugueses, sempre!”

No entanto, a 4 de julho, o Programa do XV Governo Regional da Madeira, liderado por Albuquerque (do PSD Madeira), foi aprovado na Assembleia Legislativa, com 22 votos a favor (de deputados do PSD, do CDS-PP e do PAN) e 21 votos contra (de deputados do PS, JPP e uma deputada do Chega).

Para a aprovação foram decisivas as abstenções de três deputados do Chega e um deputado do Iniciativa Liberal.

Ao contrário do que Ventura prometera, o Chega (com a exceção de uma deputada, num grupo de quatro) não votou contra.

Mas há que ter em conta a autonomia regional do Chega Madeira relativamente à direção nacional liderada por Ventura. Aliás, o próprio já tinha ressalvado noutros momentos essa autonomia. Já depois da viabilização, aliás, justificou o recuo dizendo que “o Chega negociou e achou que era melhor do que mandar a região novamente para eleições”.

____________________________

Nota editorial: Este artigo foi atualizado no mesmo dia da publicação, de forma a sublinhar a autonomia regional do Chega Madeira, acrescentando um “mas” na classificação final.

____________________________

Avaliação do Polígrafo:

Partilhe este artigo
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Relacionados

Em destaque