Em junho de 2021, o partido Chega apresentava na Assembleia da República o projeto de resolução n.º 1355/XIV/2.ª, sem força de lei, “pela definição de quotas máximas à imigração proveniente de países islâmicos“.
“Nos últimos anos, a União Europeia tem vindo a ser o destino preferencial de milhões de migrantes, especialmente oriundos das regiões do norte de África e do Médio Oriente, bem como de uma série de países em convulsão política ou militar interna. A Europa nunca deve esquecer ou ignorar a sua matriz cristã e humanista, aprofundada após o fim da Segunda Guerra mundial, tendo um dever político e moral de acolher todos os que fogem da guerra, da perseguição ou do terrorismo”, começa por se salientar na exposição de motivos.
Ao mesmo tempo que defende que a Europa não esqueça a sua matriz acolhedora, o Chega reconhece e contrapõe que “o aumento descontrolado da imigração islâmica representa um perigo que não pode ser ignorado nem analisado de ânimo leve”. Aliás, “as experiências já conhecidas e amplamente divulgadas na Europa revelaram riscos e problemas que não são despiciendos, podendo colocar em risco a própria matriz de valores da civilização europeia“.
O que está em causa, assegura-se na proposta assinada por Ventura, não é “continuarmos a ser uma sociedade aberta, plural e acolhedora”, mas antes ter em atenção os problemas “gravíssimos derivados de alguns tipos de imigração específicos, em função de diversos aspetos de natureza cultural, civilizacional ou religiosa”.
Desta forma, o projeto recomenda que devem ser dados passos “no sentido de evitar que experiências desastrosas de outros estados da União Europeia se repliquem em Portugal”, tais como a aprovação ou implementação dos “instrumentos legais, administrativos e regulamentares, para limitar os níveis de imigração islâmica em território nacional“, assim como o estabelecimento de “quotas máximas de imigração islâmica ou proveniente de países com elevada incidência de fundamentalismo islâmico“.
Em declarações ao Polígrafo, o próprio Gabriel Mithá Ribeiro confirma a ascendência islâmica, por parte da mãe, que costuma estar patente nas suas biografias enquanto escritor (pode verificar aqui e aqui).
“Eu sou batizado católico, mas a minha mãe era islâmica, de maneira que o ambiente familiar foi sempre islâmico“. Apesar de praticamente nunca ter frequentado a igreja, Mithá Ribeiro recorda que marcava presença em alguns rituais islâmicos, situação que se alterou desde que veio para Portugal e se casou, um momento de viragem que o voltou a aproximar da Igreja Católica.
“Tornei-me praticante, mas isso não me obrigou a romper com a ascendência islâmica da minha mãe. Vivo na fronteira entre o formalismo católico e uma prática islâmica. E vivo bem com isso”, afirma o vice-presidente do Chega.
Quanto à proposta apresentada pelo seu partido, que visa impor quotas na imigração de islâmicos, Mithá Ribeiro diz ao Polígrafo que se sente “muito bem” com essa iniciativa. Aliás, continua, “no tempo colonial, em Moçambique, não havia atropelos entre os islâmicos e os católicos cristãos. Eu conheço a fundo a tradição islâmica, respeito e nunca mais me vou livrar dela”, refere Mithá Ribeiro, lembrando que “a tradição islâmica coloca às sociedades ocidentais alguns desafios que não podem ser tolerados“.
“Outra coisa que também deve ter relevância é a defesa da identidade portuguesa que tem uma matriz cristã“, sublinha. “Há determinados detalhes da tradição islâmica, como a prevalência dos homens sobre as mulheres, a poligamia, a própria origem doutrinária do Islão que admite uma certa violência que não é tolerada nas cidades ocidentais”.
Por isso, o candidato do Chega por Leiria não vê qualquer “contradição” entre “o respeito pela tradição” e a “necessidade de não permitir uma imigração excessiva que não promova a integração do Islão”.
__________________________________
Avaliação do Polígrafo: