- O que está em causa?"O que é um valor, obviamente, muito baixo", sublinhou o líder do Chega, na entrevista de ontem à noite na CNN Portugal, em que assumiu candidatar-se às eleições presidenciais contra as candidaturas que se perfilam nos espaços político-partidários do PSD (Luís Marques Mendes) e do PS (Augusto Santos Silva). O valor indicado por Ventura tem fundamento?

"Nós queremos sempre tornar as eleições presidenciais numa eleição pessoal - e uninominal -, mas sabemos que por trás disso está a disputa partidária. E é o que está a acontecer aqui: os dois maiores partidos querem asfixiar esta corrida entre Marques Mendes e Santos Silva", começou por declarar André Ventura, líder do partido Chega, na entrevista de ontem à noite na CNN Portugal, focada nas próximas eleições presidenciais que estão agendadas para janeiro de 2026.
"Não haja dúvidas disso. Marques Mendes foi à rentrée do PSD no Algarve com o objetivo de uma semana depois, ou uns dias depois, anunciar uma espécie de pré-preparação da candidatura", sublinhou Ventura.
Questionado sobre se "acha que [Marques Mendes] já tem o apoio do PSD", o líder do Chega respondeu prontamente:
"Acho que é evidente. Repare, havia a questão de se Passos Coelho ia avançar ou não... O próprio Marques Mendes disse que não foi durante 16 anos a um evento do partido. Aparece por um motivo: quer ser ele, no espaço do PSD, marcar já o espaço, não só para alguns possíveis candidatos, mas também para ele próprio começar... Porque na última sondagem estava, se não me engano, com 1,4%. O que é um valor, obviamente, muito baixo."
O valor indicado por Ventura tem fundamento?
A última sondagem referente às eleições presidenciais de 2026 foi divulgada a 10 de julho de 2023 pelo jornal "Correio da Manhã". De acordo com o registo depositado na página da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), a sondagem foi realizada pela Intercampus entre os dias 3 e 6 de julhos, através de 623 entrevistas telefónicas.
Entre diversas questões abordadas, nomeadamente quanto à intenção de voto em eleições legislativas, "imagem dos líderes partidários", "imagem das instituições" ou "o melhor e o pior ministro" do atual Governo, também se colocou a seguinte pergunta:
"Se existissem agora eleições presidenciais, de todos os candidatos que lhe vou ler, em qual acha que votaria? E em qual ou quais nunca votaria?"

Marques Mendes fazia parte dos 15 nomes propostos e obteve 1,4%, não em intenções de voto, mas no que concerne à taxa de rejeição. Isto é, 1,4% dos inquiridos respondeu que "nunca votaria" no candidato Marques Mendes.
Quanto a intenções de voto, Marques Mendes recolheu 3%, mais do dobro do valor indicado por Ventura na entrevista de ontem. Selo de "Falso", desde já garantido.
O líder do Chega terá confundido as intenções de voto com a taxa de rejeição. Nesse âmbito, aliás, o próprio Ventura supera largamente todos os putativos candidatos: apresenta uma taxa de rejeição de 42,5%. Ou seja, 42,5% dos entrevistados disseram que "nunca votariam" em Ventura.
"No que diz respeito às respostas negativas, André Ventura quase monopoliza as respostas", sublinha-se no relatório da Intercampus.
Neste indicador em específico, o segundo candidato mais rejeitado foi o atual primeiro-ministro António Costa, com 18,1%. Todos os restantes 13 candidatos obtiveram taxas de rejeição abaixo de 5% (ou abaixo de 3%, se excluirmos Ana Gomes e Paulo Portas).
Mas retornando às intenções de voto, António Guterres (atual secretário-geral da ONU) destacou-se na liderança da tabela com 15,1%, seguido por António Costa (14,3%), Pedro Passos Coelho (13,3%) e André Ventura (11,4%).
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Avaliação do Polígrafo:
