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Vaticano divulga fotografia secreta de momento do atentado de 1981 contra João Paulo II. Verdadeiro ou falso?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Em publicação com 43 mil partilhas garante-se que a Santa Sé tornou pública uma imagem do momento em que o Papa “caiu no papamóvel e curvou-se de dor”, após o atentado de 13 de maio de 1981. A fotografia teria sido tirada pelos seguranças e a sua autenticidade confirmada pelo porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro Valls. Verificação de factos.

“Não se sabe por que João Paulo II quis manter essa foto escondida por tantos anos”, lê-se em publicação que se tornou viral no Facebook, na qual se garante que a divulgação da imagem foi autorizada pelo Vaticano.  

“A Santa Sé publicou recentemente, pela primeira vez, esta foto tirada pelos responsáveis da segurança, no exato momento do ataque ao Santo Padre, quando ele caiu no papamóvel e curvou-se de dor”, conta-se na legenda da imagem, que teria sido tirada durante o atentado de 13 de maio de 1981. 

Quadro João Paulo II

No texto, alega-se também que Joaquín Navarro Valls, porta-voz da Santa Sé, explicou que “houve muitos anos de estudos” sobre a imagem e a “qualidade da película”. 

“Finalmente, e depois de submetê-la a milhares de controles com os fotógrafos mais experientes do mundo, eles decidiram que não havia truques nela e hoje eles nos dão esse belo presente da Santa Mãe de Deus…”, conclui-se. 

A fotografia colocada a circular é verídica e foi publicada pelo Vaticano?

A resposta é não. A imagem de João Paulo II, que foi chefe da Igreja da Católica entre 1978 e 2005, abraçado à Virgem Maria é uma pintura a óleo da artista polaca Izabela Delekta-Wicińska com o título “Totus tuus” – e que aparece em muitos postais vendidos em locais religiosos, como explica o site de fact-checking Boatos.org. A expressão em latim ficou conhecida como lema do pontificado de Karol Wojtyła e era uma homenagem do Papa a Maria: “todo teu” pretendia demonstrar que o Santo Padre consagrava a sua vida à Nossa Senhora.

A devoção à Virgem Maria está intimamente ligada ao atentando de 1981: o então Sumo Pontífice sobreviveu a uma tentativa de homicídio no dia de Maria – o 13 de maio – e não duvidava que tinha sido esta a desviar as balas disparadas pelo turco Ali Agca. “Nossa Senhora de Fátima salvou-me a vida”, dizia o Papa várias vezes na altura, segundo o agora cardeal e arcebispo de Cracóvia Stanislaw Dziwisz, citado pela agência “Ecclesia”.

Joaquín Navarro Valls, por seu turno, foi porta-voz do Vaticano durante 22 anos, tendo sido o primeiro não italiano a ocupar o cargo. O espanhol acompanhou o Papa João Paulo II em todas as suas viagens e atos oficiais, e como porta-voz do Vaticano confirmou oficialmente a morte do pontífice na noite de 2 de abril de 2005. Não existem provas de que alguma vez tenha anunciado a divulgação deste quadro como uma fotografia verdadeira do momento do atentando. 

Como recorda o Boatos.org, esta publicação apresenta várias características de uma fake news. É vaga pois não diz quando e como o Vaticano divulgou a imagem, procura gerar comoção junto dos utilizadores do Facebook católicos e não cita qualquer fonte que possa validar a veracidade da informação difundida. 

 Avaliação do Polígrafo: 

 

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