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Um ano de vida nos humanos corresponde a sete anos para um cão?

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Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Investigação com mais de 100 labradores apresenta uma nova fórmula de contabilizar os anos de cão. Estudo científico assegura que o processo não é linear visto que os animais de companhia têm uma maturação mais rápida durante a infância e puberdade.

A sabedoria popular sempre defendeu que cada ano que os humanos celebram corresponde a sete na vida de um cão. Mas será verdade? O envelhecimento dos animais de companhia, em particular dos cães, também interessou o mundo da ciência e, este mês, na revista Cell Systems é apresentada uma nova relação comparativa entre a idade dos cães e a idade do ser humano.

Os investigadores analisaram a metilação do ADN – um processo de alteração química do ADN que permite a maturação e envelhecimento dos seres vivos sem que haja mutação ou alteração das cadeias de ADN – em 104 labradores e compararam os resultados desta amostra com o mesmo processo nos seres humanos. As conclusões do estudo mostram que de facto os cães envelhecem mais rapidamente a nível genético do que os humanos, mas que o processo de maturação não é linear.

Segundo os autores da investigação, um animal com 8 semanas de vida tem a mesma maturação que um bebé de nove meses. Quando o cão atinge os 12 anos estará ao mesmo nível de um idoso de 70 anos. A maior diferença de maturação entre ambos acontece na infância e adolescência, sendo que a metilação genómica se aproxima da dos humanos a partir da fase adulta.

envelhecimento cães

Ainda assim, segundo Joana da Costa Reis, investigadora e professora de clínica de animais de companhia na Universidade de Évora, é cedo para anunciar que todas raças da espécie canina têm uma maturação igual à que é apresentada neste artigo. “A verdade é que diferentes raças têm velocidades distintas até atingirem a maturação”, defende em declarações ao Polígrafo.

Os cães de pequeno porte, em geral, “podem atingir a maturidade mais cedo do ponto de vista do desenvolvimento”, explica, ao passo que os cães de maior porte podem “atingir mais tardiamente”. A investigadora diz compreender que a investigação tenha sido “uniformizada” e feita apenas com uma raça de cães – neste caso os labradores – porque, apesar das diferenças, é possível estabelecer comparações, mesmo que não diretas. “Se me perguntarem se isto pode ser diretamente transponível para todos os cães, eu penso que não. Haverá variações que são dependentes da raça e do porte. Cada indivíduo é um indivíduo, mas há uma aproximação”, explica.

Os cães de pequeno porte, em geral, “podem atingir a maturidade mais cedo do ponto de vista do desenvolvimento”, ao passo que os cães de maior porte podem “atingir mais tardiamente”.

“Há conclusões que só vão poder ser retiradas quando se olhar para raças que têm uma esperança de vida mais curta” ou para as que são consideradas raras, e onde existe uma menor variabilidade genética, sugere a professora. Porém, este estudo é um “ponto de partida” para entender a maturação e o envelhecimento canino.

“O mais interessante é que, de facto, se confirma que pode ser estabelecida alguma analogia [entre os processos de maturação], se confirma a importância destes mecanismos e a correspondência não linear entre o desenvolvimento e envelhecimento no humano e no cão. Ou seja, um ano de cão não são sete anos de vida”, conclui a professora.

Avaliação do Polígrafo:

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