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Últimos médicos cubanos a trabalhar em Portugal recebiam apenas 21% do salário bruto?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Foi hoje anunciada a intenção do Governo de contratar cerca de 300 médicos cubanos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) nos próximos três anos. No Twitter, há quem recorde as primeiras contratações, destacando o facto de o Estado português ter pago mais de 4 mil euros por mês a cada médico mas os profissionais terem recebido apenas 900 euros, já que o restante era retido pelo Estado Cubano. Será verdade?

“Portugal pagava mensalmente por cada médico a uma empresa estatal cubana cerca de 4.230 euros, mas cada médico cubano só recebia 900 euros (21%), sendo o remanescente do montante pago pelo Estado português retido pelo Estado cubano”, denuncia “tweet” publicado esta manhã. “Há zero justiça poética nisto, é pura exploração”, conclui-se.

cuba

A recordação é feita depois de o “Jornal de Notícias” ter avançado esta quarta-feira a contratação por parte do Governo de 300 médicos cubanos durante os próximos três anos. Este recurso já tinha sido utilizado em 2009, também por um Governo socialista, quando Manuel Pizarro era secretário de Estado da Saúde da ministra Ana Jorge. Nessa altura, foram 44 os médicos cubanos que vieram exercer para Portugal em centros de saúde do Alentejo, Algarve e Ribatejo.

Além da contratação externa, foram os contratos celebrados com este profissionais que mais deram que falar: em agosto de 2014, o jornal “i” (citado pelo “Diário de Notícias”) escrevia que, durante o Governo do socialista José Sócrates, cada médico recebia um total de 5.900 euros brutos. O valor líquido, porém, caía a pique. Houve médicos a auferir, durante determinado período de tempo, 600 euros mensais (300 a cair numa conta em Cuba). Quando o contrato foi revisto, em 2011, o valor bruto caiu para os 4230 euros e os médicos recebiam, em termos líquidos, 900 euros, ou seja, mais ou menos 21% do salário total.

“As entidades onde estes médicos trabalham pagam à empresa Serviços Médicos Cubanos que depois se encarrega de pagar aos médicos. As restantes receitas [entregues ao Estado cubano] são empregues no financiamento de formação e do serviços de saúde cubano”, escrevia ainda o “Diário de Notícias” à data.

Para já, o Ministério da Saúde ainda não dispõe de informação sobre os contratos que serão feitos com o novo lote de médicos ou sobre o valor a ser pago e retido pelo Estado português e pelo Estado cubano, respetivamente.

Avaliação do Polígrafo:

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