- O que está em causa?Em numerosas publicações no Facebook exibe-se a imagem de uma suposta notificação que cidadãos ucranianos residentes na Irlanda estarão a receber por correio, com ordens de "extradição imediata" para "regressar ao país em guerra" contra a Rússia.

A guerra na Ucrânia já dura há mais de um ano e meio, mas a desinformação sobre o conflito nas redes sociais não parece estar em vias de cessar. Desta vez está em causa um suposto documento de notificação que cidadãos ucranianos residentes na Irlanda estarão a receber por correio.
Em múltiplas publicações no Facebook exibe-se a imagem da notificação (em língua inglesa) que emite ordens de "extradição imediata" para "regressar ao país em guerra".
"A Irlanda começou a enviar cartas para os cidadãos ucranianos residentes no país que requereram estatuto de asilo, a pedido do Governo ucraniano. Kiev pede a extradição imediata dos refugiados, e estes são obrigados a regressar ao país em guerra", destaca-se numa das partilhas.

Noutro post alega-se que tal também estará a ocorrer na Polónia, uma vez que "as Forças Armadas da Ucrânia exigem cada vez mais homens para o combate".
A imagem retrata uma alegada carta do Departamento de Justiça da Irlanda, datada de 7 de setembro e destinada a "Ihor Doroshenko". No texto lê-se (em tradução livre) que "estamos a escrever para informá-lo que o Departamento de Justiça recebeu um pedido do Governo ucraniano para a sua extradição. O pedido baseia-se na alegação de que você é elegível para o recrutamento obrigatório na Ucrânia e não cumpriu com a sua obrigação legal de servir as Forças Armadas".

Este documento é autêntico?
Não. Embora cite duas leis que existem na realidade - a Lei irlandesa de Extradição de 1965 e a Convenção Europeia de Extradição de 1957 -, o Departamento de Justiça da Irlanda, contactado pela "AFP Checamos" sobre a autoria da carta, negou ter enviado a mesma e explicou que se trata de uma mensagem "fraudulenta".
Aliás, a viralidade dos conteúdos em causa levou o Departamento de Justiça da Irlanda a emitir um comunicado, nas redes sociais, a alertar os internautas para a falsidade de tal informação: "Tomámos conhecimento de cartas fraudulentas relacionadas com a extradição que alegam ser do nosso Departamento. Podemos confirmar que estas cartas não foram enviadas por este Departamento de Justiça."
O documento não é autêntico e não tem qualquer relação com o Departamento de Justiça da Irlanda. Pelo que resta aplicar o carimbo de "Falso" nesta série de publicações.
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Avaliação do Polígrafo:
