Na rede social X, está a circular um tweet que indica que o presidente ucraniano foi capturado e que será preso na prisão de alta segurança “Black Dolphin” (“Golfinho negro”, em português), uma das prisões russas mais temidas.
O tweet alega que o responsável pela divulgação das imagens é o apresentador e comentador norte-americano Tucker Carlson, que entrevistou o presidente russo em fevereiro deste ano.
A imagem partilhada no X mostra Volodymyr Zelensky, alegadamente detido, servindo como suposta prova da alegação no tweet, e Tucker Carlson no canto inferior direito da imagem, como se tivesse a noticiar a sua detenção. No canto inferior esquerdo surge ainda a indicação que aquela é uma notícia de “última hora”.
Mas terão estas afirmações algum fundamento?
Não. A imagem de Zelensky pertence a uma cena da série ucraniana “Servant of The People” (“Servo do Povo”, em português), uma série satírica em que um professor, interpretado por Zelensky, é eleito presidente da Ucrânia. Esta esteve em exibição entre 2015 e 2019 no canal ucraniano “1+1” e foi criada e protagonizada por Zelensky, que tinha uma carreira no mundo das artes antes de assumir a presidência ucraniana.
A imagem em causa foi retirada especificamente da cena de abertura do primeiro episódio da terceira temporada da série, que estreou em março de 2019, tal como se confirma ao visualizar o episódio completo publicado no dia 9 de abril de 2019 no canal de Youtube oficial da série. Para parecer que era Tucker Carlson a noticiar a alegada detenção, esta mesma imagem é editada, colocando uma captura de ecrã do vídeo do primeiro episódio do programa de Carlson no X, publicado na conta oficial do apresentador, no canto inferior direito da montagem.
À agência Reuters, um porta-voz do apresentador norte-americano já desmentiu o tweet e sublinhou que o nome e imagem de Carlson foram utilizados sem a sua permissão.
Conclui-se que a alegação feita na publicação é falsa, sendo a imagem real, mas editada de forma a que parecesse nova e que Tucker Carlson estaria a reportar essa mesma detenção.
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Este artigo foi desenvolvido pelo Polígrafo no âmbito do projeto “Geração V – em nome da Verdade”, uma rede nacional de jovens fact-checkers. O projeto foi concretizado em parceria com a Fundação Porticus, que o financia. Os dados, informações ou pontos de vista expressos neste âmbito, são da responsabilidade dos autores, pessoas entrevistadas, editores e do próprio Polígrafo enquanto coordenador do projeto.
*Texto editado por Marta Ferreira.
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