“Um rapaz de 11 anos foi esfaqueado 11 vezes e morto por um estrangeiro encapuçado em Toledo, Espanha”, destaca-se numa publicação partilhada recentemente na rede social X – por uma conta portuguesa que se propõe a divulgar notícias “sem censura” e em defesa dos valores da “Família, Moral, Ética e Respeito” –, a propósito de um caso que está a causar consternação no país vizinho.
O tweet acrescenta que, de acordo com a informação disponível, “parece que o autor deste assassinato era mesmo um imigrante ilegal”. Uma tese que está a ser igualmente difundida noutras publicações na mesma rede social, em língua espanhola, que sustentam ainda que o crime terá sido cometido por um indivíduo “magrebino”.
“O agressor começou a perseguir todas as crianças que se encontravam no seu caminho”, salienta-se, acrescentando que o atacante tinha o rosto “coberto” e “conseguiu fugir” na sequência do incidente.
E conclui-se: “A Guardia Civil não exclui a hipótese de um atentado terrorista.”
Mas será que existem evidências que sustentem esta tese?
Não. A narrativa tem vindo a ser desmentida por diferentes plataformas de fact-checking espanholas, como a Maldita.es, a Newtral e a EFE Verifica, na sequência do ataque que ocorreu no domingo de manhã (17 de agosto) e que resultou na morte de Mateo, um rapaz de 11 anos que foi agredido com um objeto cortante enquanto jogava futebol num campo municipal com amigos.
Ora, em resposta à Newtral e à Maldita.es, a Guardia Civil assegurou que não existem quaisquer evidências que comprovem que o atacante seria um imigrante ilegal – e, inclusive, que “tem havido muita desinformação sobre a autoria” do esfaqueamento. Apenas pôde confirmar, no entanto, que o suspeito tinha 20 anos de idade: o facto de o caso estar sob segredo de justiça não permitiu confirmar a sua nacionalidade.
Porém, de acordo com a EFE Verifica, fontes próximas do caso indicaram que o presumível autor do crime – que confessou o esfaqueamento logo após ter sido detido pela Guardia Civil, na segunda-feira – é um jovem espanhol de 20 anos, cujo pai e avós vivem no município de Mocejón.
Também a RTVE, que cita fontes próximas da investigação e a Delegação do Governo, validou que o atacante é “um jovem de tez branca” e, mais concretamente, “um espanhol que estava encapuzado na altura do crime e que esteve desaparecido durante mais de 24 horas”. Pelo que a tese que dá conta de que seria um “imigrante ilegal” de origem “magrebina” não tem qualquer fundamento.
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