Ontem, 10 de Outubro, assinalou-se o Dia Mundial da Saúde Mental. Como sempre sucede nestas ocasiões, a data é sempre pretexto para balanços e divulgação de números e estatísticas sobre o tema.
Este ano não foi excepção, com as principais publicações nacionais a darem ênfase a um tema ainda hoje considerado tabu: o suicídio. A panóplia de notícias produzidas sobre o assunto sublinhava dados tão graves como estes:
– A cada 40 segundos uma pessoa suicida-se num qualquer canto do mundo. Todos os anos, suicidam-se 800 mil pessoas.
– Em Portugal, o suicídio entre jovens dos 15 aos 24 anos nunca foi um problema tão premente: em 2017 atingimos o valor mais alto da década, com 46 jovens a colocar fim à vida. De acordo com o Jornal de Notícias, um deles tinha 14 anos e os restantes situavam-se na faixa etária entre os 15 e os 24 anos. A maioria eram rapazes.
Isto significa que se registaram mais 15 suicídios do que em 2016, com a área metropolitana de Lisboa a registar um aumento considerável. Portugal tem em média 1000 suicídios por ano.
Talvez surpreendidos com a amplitude dos números, vários leitores do Polígrafo perguntaram, através da nossa linha no WhatsApp, se as informações veiculadas são rigorosas.
A verdade é que são – e há duas fontes independentes que o atestam: o Instituto Nacional de Estatística (INE) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), que produziu um relatório que traça um cenário assustador sobre a realidade mundial.
De acordo com aquela organização internacional, o suicídio é a segunda causa mais importante de morte entre os jovens dos 15 aos 29 anos, logo a seguir aos acidentes rodoviários. A OMS revelou outro dado surpreendente: a taxa de suicídio é mais elevada nos países de maiores rendimentos.
Para melhorar estes números a longo prazo, a OMS aconselha os países a apostar na prevenção. A percentagem de países com estratégias nacionais de prevenção do suicídio aumentou nos últimos cinco anos, mas os 38 onde existe essa política são ainda considerados escassos. Portugal, que aprovou em 2013 o Plano de Prevenção do Suicídio, é um deles.
Em Portugal registaram-se em 2017 4,1 óbitos por cada 100 mil habitantes decorrentes lesões autoprovocadas intencionalmente.
Fique com os conselhos preventivos da OMS:
- Reduzir o acesso aos meios habitualmente utilizados para cometer suicídio (pesticidas e alguns medicamentos, por exemplo)
- Responsabilidade acrescida dos órgãos de comunicação social na cobertura do tema
- Intervenções pedagógicas nas escolas
- Introdução de políticas de controlo do consumo de álcool
- Identificação precoce e tratamento das pessoas com perturbações mentais, dor crónica ou problemas de abuso de substâncias
- Acompanhamento contínuo de pessoas que tentaram suicídio e organização de formas de apoio nas comunidades em que elas se inserem
Avaliação do Polígrafo: