Publicações com últimas palavras de figuras conhecidas são comuns nas redes sociais. Desta vez, o protagonista foi Steve Jobs, co-fundador da Apple e empresário norte-americano que revolucionou a indústria dos computadores e dos telemóveis. Jobs morreu em agosto de 2011 devido a um cancro pancreático. Apesar de já terem passado alguns anos da sua morte, de vez em quando voltam a ser partilhadas publicações com supostas últimas palavras do empresário. Este é uma das mais recentes traduzido em português do Brasil, país onde foi muito disseminado:
“Steve Jobs morreu bilionário aos 56 anos, mas antes de morrer disse: à medida que envelhecemos, mais sábios ficamos, percebemos lentamente que usar um relógio de 5 mil euros ou de 30 euros – ambos marcarão a mesma hora. Quer uma carteira ou bolsa seja ela de 500 euros ou de 50 euros – a quantidade de dinheiro dentro dela é a mesma. A estrada e a distância são as mesmas, quer se conduza um carro de 150 mil euros ou um de 30 mil euros, e chegamos ao mesmo destino. Quer bebamos uma garrafa de vinho de 300 euros ou de 10 euros, a ressaca é a mesma. Se a casa em que vivemos é de 300 ou 3000 metros quadrados, a solidão é a mesma. Quer voe em primeira classe ou económica, se o avião cair, tu cais com ele”, lê-se no post, datado de 27 de julho e com mais de mil partilhas.
Confirma-se que o discurso é da autoria de Steve Jobs?
Não. À semelhança de outros posts idênticos difundidos nas redes sociais, não há quaisquer evidências de que Steve Jobs tenha proferido as palavras em questão.
Aquando da morte de Jobs em 2011, a irmã mais nova do presidente da “Apple”, Mona Simpson, escreveu uma elegia ao irmão no jornal norte-americano “The New York Times”. Nessa elegia, Simpson, refere as últimas palavras proferidas pelo irmão.
“As últimas palavras do Steve, horas mais cedo, foram monossílabos, repetidos três vezes. Antes de ir, olhou para a irmã Patty, depois olhou por um longo tempo para os seus filhos, de seguida para a sua companheira Laurene, e a seguir, por cima dos ombros deles. As últimas palavras dele foram: ‘OH WOW. OH WOW. OH WOW”, descreve-se no texto.
O biógrafo de Steve Jobs, Walter Isaacson, recordou igualmente algumas das palavras do empresário já em final de vida: “Queria que meus filhos me conhecessem. Eu nem sempre estava lá para eles, e queria que eles soubessem o porquê e entendessem o que eu fazia”, lembrou Isaacson, citando Jobs, numa homenagem póstuma que escreveu para a revista “Time”.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é: