No seu programa de comentário semanal no Jornal das Oito da TVI, Miguel Sousa Tavares abordou esta noite a efeméride do 20º aniversário da atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago – uma distinção que o jornalista considerou uma conquista “inestimável“, que projetou a imagem de Portugal e dos escritores portugueses no mundo.
Apesar dos manifestos elogios ao escritor português entretanto falecido, Sousa Tavares sublinhou que se trata de um “operário da escrita” que não é “fácil de ler”, entre outras razões, pelo facto de raramente utilizar vírgulas ou parágrafos. Esta circunstância, rematou o escritor e jornalista, torna muito difícil a tarefa de qualquer jovem que queira tomar contato com a obra do único Nobel da literatura português.

Miguel Sousa Tavares, que agora luta pelas audiências de segunda-feira à noite com Manuela Moura Guedes (a ex-pivot da TVI inaugurou hoje o seu próprio espaço de comentário na SIC), aproveitou ainda para se referir a Eça de Queirós, um escritor que em seu entender é mais fácil de ler. Problema: segundo Sousa Tavares, “agora ‘Os Maias’ foi retirado de leitura obrigatória” nos liceus, o que dificulta o acesso dos jovens a uma das obras mais ricas da literatura portuguesa.
A afirmação de Sousa Tavares carece de rigor, uma vez que há muito – mais precisamente desde 2002 – que o romance mais conhecido de Eça de Queirós não é de leitura obrigatória. O jornalista terá sido condicionado por uma notícia do Público de 18/07/2018 (que pode ler aqui), segundo a qual o Governo tomara a decisão de afastar “Os Maias” das leituras obrigatórias no ensino secundário. Nessa altura o artigo tornou-se viral na internet e gerou grande indignação pública. O Ministério da Educação esclareceu então que das listas de conteúdos programáticos “continuam a constar autores como Eça de Queirós como leituras obrigatórias, dando liberdade às escolas para selecionar as obras concretas a ler”. Ou seja, o autor é obrigatório, mas a obra a ler é passível de ser escolhida entre várias opções. Objetivo expresso do Ministério da Educação: “Todos contactam com o autor e o movimento literário, mas alarga-se o leque de leituras dos alunos”.
Por este motivo, o comentário de Miguel Sousa Tavares é…