Depois de os alunos da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) terem fechado o estabelecimento de ensino em protesto, foi divulgado um vídeo que mostra uma reportagem antiga, em que supostamente o porta-voz do Livre, Rui Tavares, admite ser contra o fecho das aulas.
Numa das publicações sobre o assunto, foi partilhada uma reportagem sobre um protesto sobre o fim das propinas com a seguinte descrição: “Vamos lá ter calma, o Rui Tavares também era contra o fecho das aulas.”
A reportagem da RTP, datada de 1 de fevereiro de 1993, é sobre um protesto pelo fim das propinas na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa em que os estudantes fecharam a cadeado a secretaria, salas de aula e o conselho diretivo do estabelecimento de ensino.
Na peça jornalística é entrevistado um jovem que admite ser contra o fecho das salas de aula. “Estou a falar por mim e tenho direito à minha opinião pessoal. Os estudantes serem contra as propinas é senso comum, mas eu sou contra o fecho das aulas”, refere.
Este jovem é Rui Tavares?
Contactado pelo Polígrafo SIC, o porta-voz do Livre confirma que é ele quem aparece na reportagem, mas nega ser contra a causa do protesto. “Efetivamente sou eu que estou no vídeo, na FCSH, algures nos anos 1990 (93 ou 94). Essa parte é verdade. É mentira que eu tenha furado qualquer greve ou sequer me oposto a qualquer greve”, garante.
Rui Tavares explica que foi dirigente associativo na FCSH durante a chamada “Guerra das Propinas” e que chegou a organizar greves, manifestações e referendos contra o aumento das propinas. No dia em que foi realizado o protesto em questão, já não estava na associação de estudantes e participou como um aluno normal.
“Dei a minha opinião de que fechar a faculdade a cadeado passava imagem de não estarmos confiantes na mobilização dos estudantes. Mais tarde fui abordado por uma equipa de reportagem que me quis fazer perguntas. E nesse momento aconteceu uma daquelas coisas típicas do movimento estudantil. Alertado por alguém, apareceu um grupo de afetos da nova Direção da Associação de Estudantes, mais próxima de uma juventude partidária, e começaram aos gritos a tentar interromper as minhas declarações”, conta.
“Insurgi-me contra a ideia de que qualquer grupo pudesse calar aos gritos um estudante no exercício da sua liberdade de expressão. De resto, votei a favor da greve, e fiz greve como faria mesmo que não tivesse votado a favor”, justifica.
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Avaliação do Polígrafo: