“Bernardino Soares disse na CNN Portugal que o Governo da ‘geringonça’, por paradoxal que isso possa parecer, foi dos mais estáveis e sucedidos da nossa democracia. E, acrescento eu, os portugueses sentiram isso”, escreveu ontem o consultor político Luís Paixão Martins, na rede social X.
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A avaliação é feita com base no barómetro ESS (European Social Survey), “que avalia em 31 países, incluindo Portugal, a satisfação dos cidadãos com várias instituições, entre as quais os Governos”. Paixão Martins argumenta que, desde 2002, “o período com mais valorização pelos inquiridos nacionais foi exatamente o dos anos de 2016/2017, quando vigorava o governo PS de António Costa com acordos parlamentares com BE e PCP”. Os números confirmam-no.
Portugal participou em todas as edições do ESS, que começaram a ser publicadas em 2002. Nesse primeiro barómetro, os portugueses avaliavam o Governo de Durão Barroso com uma nota de 3,4 em 10 (os cálculos, feitos pelo Polígrafo, têm em conta a média de votação numa escala de 0 a 10 em que 0 (zero) corresponde a “extremamente insatisfeito” e 10 a “extremamente satisfeito”.
Em 2004, com Pedro Santana Lopes, os portugueses baixaram a fasquia para os 2,5, apenas para subirem em 2006, já com o socialista José Sócrates como Primeiro-Ministro, para os 3,6. Em 2008, ainda com Executivo socialista, a nota caía ligeiramente para os 3,3, um valor que continuou a descer em 2010 para os 2,5. Em suma, e apesar de ter conquistado o eleitorado em 2006, Sócrates perdeu a satisfação dos portugueses (sobretudo com a aproximação do pedido de intervenção financeira da Troika).
Com uma performance ainda pior do que a de Sócrates, de acordo com o ESS, ficou Pedro Passos Coelho: o PM social-democrata não convenceu os portugueses que o avaliaram, em 2012 e em 2014, com 2,19 e 3,04, respetivamente. O grau de insatisfação nos primeiros anos de Governo PSD/CDS-PP ficaria para a história como o pior de sempre, de acordo com o barómetro em análise.
Quando António Costa chega ao Governo, em novembro 2015, e assina os acordos parlamentares com o Bloco de Esquerda e com o PCP, naquela que ficou conhecida como a “geringonça”, o ano era de recuperação económica: por motivos que não são discriminados no barómetro, os portugueses avaliaram estes primeiros anos de governação socialista com apoios à esquerda com um redondo 5 em 10. Não se pode afirmar que estivessem satisfeitos, mas o grau de insatisfação era muito menor quando comparado com os anos anteriores.
Em 2018 a certeza não era tanta: o Governo foi classificado com um 4,5, uma nota que subiu quando, depois das eleições legislativas de 2019, António Costa foi obrigado a governar a solo com uma maioria relativa: sem conseguir passar no teste, o PM e respetivo Governo receberam um 4,8 dos portugueses, a segunda melhor nota depois da “geringonça”.
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Avaliação do Polígrafo: