"Tesourinho, era só a recordar!" Assim se comenta num dos posts que mostram o recorte de jornal com a seguinte citação atribuída a Mário Soares: "É preciso que a riqueza seja de quem realmente trabalha e não de parasitas e banqueiros".

Aquele que foi um dos fundadores e o primeiro secretário-geral do Partido Socialista (PS) terá proferido tal declaração "perante milhares de pessoas", como se descreve na notícia. Era uma "multidão que o aguardava na gare de Santa Apolónia e que tão vibrantemente o aplaudiu. O leader socialista regressou de Paris, onde estava exilado há quatro anos".

Sim, a imagem é autêntica e a notícia é verdadeira. Trata-se de um recorte da primeira página da edição de 29 de abril de 1974 do jornal "República" (pode consultar aqui).

No dia anterior, Mário Soares tinha regressado a Portugal, após mais de quatro anos de exílio em Paris, França. A imagem da capa do jornal retrata o discurso que proferiu a partir da varanda principal da estação de Santa Apolónia, em Lisboa.

"'As Forças Armadas restituíram a voz e a alegria ao povo português', declarou Mário Soares, perante a multidão que o aguardava na gare de Santa Apolónia e que tão vibrantemente o aplaudiu. O leader socialista regressou de Paris, onde estava exilado há quatro anos, na companhia dos seus companheiros Ramos da Costa e Tito Morais, também membros do Conselho Diretivo do Exterior do PS", reportou o jornal "República", fundado por António José de Almeida em 1911 (e cuja publicação regular seria suspensa em janeiro de 1976).

Nas páginas centrais encontramos mais informação e o contexto da citação destacada na manchete. "As primeiras palavras de Mário Soares foram para saudar os outros exilados que ainda não regressaram: Álvaro Cunhal, Ruy Luís Gomes, Fernando Piteira Santos e Manuel Valadares; os que morreram como heróis do combate contra o fascismo, designadamente o general Humberto Delgado; os que nas cadeias resistiram heroicamente, como Manuel Serra, Dias Lourenço e Palma Inácio; os 100 mil jovens desertores que abandonaram Portugal por se recusarem a combater na Guerra Colonial; e, finalmente, os milhões de trabalhadores que tiveram de abandonar a sua terra por não encontrarem nela condições para viver", lê-se no artigo.

Mais, "organizar a democracia e pôr fim à Guerra Colonial foram as tarefas imediatas apontadas pelo dirigente socialista. A hora não é de divisões partidárias, salientou, a hora é de unidade. Referiu-se à necessidade de reconstruir a Pátria, fazendo com que 'a riqueza seja canalizada para quem trabalha e não para os parasitas e banqueiros'".

"'Prestigiar a imagem de Portugal no estrangeiro' - é outra meta para cuja efetivação o secretário-geral do PS se propõe contribuir. E acrescentou: 'É indispensável que saibamos manter a ordem, embora sem quebrar o espírito das manifestações espontâneas e populares - os desordeiros são os fascistas'", acrescenta-se.

Em complemento à notícia do jornal "República" sugerimos esta reportagem da RTP sobre o regresso de Mário Soares em abril de 1974, emitida então no programa "Noticiário Nacional".

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

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Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações "Verdadeiro" ou "Maioritariamente Verdadeiro" nos sites de verificadores de factos.

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