“Olympics has fallen” (“As Olimpíadas caíram”) será o nome de um documentário que terá sido lançado pela Netflix, com narração do ator norte-americano Tom Cruise, e que traz a descoberto alguns dos segredos mais obscuros associados à organização desta prova, tida como um dos principais marcos do desporto ao nível mundial.
É esta a narrativa que tem vindo a circular, já desde meados de 2023, na rede social Telegram – acompanhada de imagens supostamente alusivas ao filme – mas que, com a aproximação do início do evento, a 26 de julho, ganhou um novo fôlego.
Sobre a alegada obra cinematográfica, esclarece-se ainda que se trata de uma “série documental exclusiva que abre uma Caixa de Pandora de escândalos financeiros e desportivos que envolvem o Comité Olímpico Internacional (COI) e os seus executivos liderados por Thomas Bach”, presidente da instituição.
Quem assistir ao mesmo, alega-se ainda, ficará “a saber como funciona o COI e como os esquemas de corrupção de Bach se enquadram na sua estrutura, que destino aguarda o boxe, quanto é que os campeões olímpicos recebem na realidade e em que é que o COI gasta os seus orçamentos”.
Mas será que se trata de um conteúdo verdadeiro, produzido pela Netflix e que conta com a participação de Tom Cruise?
Já vários meios de comunicação social internacionais, como o jornal “The Guardian” e a estação de televisão CNN, alertaram que é um conteúdo de desinformação da responsabilidade de grupos pró-Rússia que pretendem denegrir os Jogos Olímpicos de Paris e os responsáveis pela sua organização.
O mesmo alerta foi feito pela Microsoft, que esclareceu que um grupo com ligações ao Kremlin, intitulado “Storm-1679”, “lançou no Telegram e depois difundiu online uma longa-metragem chamada ‘Olympics Has Fallen’, imitando o thriller de ação política norte-americano de 2013 ‘Olympus Has Fallen’.
Segundo um relatório divulgado pela empresa no dia 3 de junho, na página do Telegram com o mesmo nome, os espectadores podiam deparar-se com uma “longa-metragem” – agora inacessível – cujo “áudio gerado por IA [Inteligência Artificial]” imitava “a voz do ator de cinema Tom Cruise”, que “narrava um guião estranho e sinuoso que depreciava a liderança do Comité Olímpico Internacional”.
A Microsoft alertou ainda que o vídeo em causa “sinalizou claramente que os criadores do conteúdo dedicaram um tempo considerável ao projeto e demonstraram mais competência do que a maioria das campanhas de influência que observamos”. Além disso, de modo a credibilizar ainda mais a narrativa, foram ainda difundidas “falsas críticas de cinco estrelas de meios de comunicação social respeitáveis, como o ‘New York Times’, o ‘Washington Post’ e a BBC”, fazendo crer que se tratava de um verdadeiro documentário.
Em conclusão, as imagens são manipuladas, com recurso a ferramentas de Inteligência Artificial.
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