Seguro acusou Costa em 2014 de "misturar política e negócios" num debate na RTP?

  • O que está em causa?
    Demissão do Primeiro-Ministro (PM) por alegado envolvimento em caso de corrupção trouxe para as redes sociais um novo debate sobre o seu sucessor na liderança do Partido Socialista (PS). No X (antigo Twitter), recua-se até 2014, ao último debate antes das primárias do PS, transmitido na RTP, onde António José Seguro, então dirigente socialista, terá criticado a candidatura de António Costa ao cargo fazendo referência à "promiscuidade entre negócios e política".
Seguro acusou Costa em 2014 de
Os candidatos às eleições primárias do PS, António José Seguro e António Costa, pouco antes do debate realizado na RTP moderado por João Adelino Faria, Lisboa, 23 de setembro de 2014 © Agência Lusa / Miguel A. Lopes

"Dito no focinho de António Costa com o 'jornalista' a demonstrar a azia do costume". A descrição faz parte de um tweet publicado esta quarta-feira, um dia depois da demissão do Primeiro-Ministro (na sequência da investigação aos negócios em torno do lítio e do hidrogénio verde), onde um António Costa visivelmente mais jovem está frente a frente com o então líder dos socialistas, António José Seguro.

Costa era ainda autarca na Câmara de Lisboa, mas naquele mês de setembro de 2014 já se fazia concorrente de Seguro: disputavam ambos o cargo de secretário-geral do PS, que Costa acabou por conseguir nas primárias desse ano. No debate derradeiro entre o "ex" e o atual, na RTP, Seguro acusou o agora PM demissionário de ter causado crise no PS e de misturar "política com negócios".

"Há um partido invisível na sociedade portuguesa que tem diversas expressões nos partidos de poder e noutras organizações. Eu tive oportunidade de dizer que considerava que as pessoas no PS que de alguma forma estão associadas a esses interesses apoiam António Costa", começou por afirmar Seguro.

Vou dar-lhe um exemplo: Nuno Godinho de Matos, fundador do PS e apoiante de António Costa, foi até há pouco tempo administrador do BES, apoiou no ano passado o candidato do PSD à Câmara de Oeiras, foi advogado da Ferrostaal no negócio dos submarinos, e no outro dia deu uma entrevista a dizer que estava na administração do BES por razões políticas", acrescentou o secretário-geral do PS.

Seguro apelidava Godinho de Matos de "porta-voz dos fundadores" que então apoiavam Costa na corrida à liderança dos socialistas. "A conclusão é que há uma promiscuidade total entre o sistema financeiro, os negócios, a política e apoio dos outros partidos".

Costa teve direito a resposta e considerou que Seguro derrapou para o insulto pessoal, o que o "desqualificava" para o cargo de secretário-geral do partido. Quanto às acusações, qualificou-as como "graves".

"Tu tratas como traidores e inimigos os teus camaradas e não foste capaz de fazer frente ao Governo. O que acabas de fazer aqui é uma coisa muito feia, querendo-me atacar a mim em função do que fazem os meus apoiantes, ainda por cima 'ad hominem'", reagiu o então autarca de Lisboa.

Minutos mais tarde no frente a frente, Seguro garantiu a Costa: "Não recebo nenhuma lição de moral tua, nenhuma." Costa não hesitou: "Mas fazia-te falta."

_______________________________

Avaliação do Polígrafo:

Assine a Pinóquio

Fique a par dos nossos fact checks mais lidos com a newsletter semanal do Polígrafo.
Subscrever

Receba os nossos alertas

Subscreva as notificações do Polígrafo e receba os nossos fact checks no momento!

Em nome da verdade

Siga o Polígrafo nas redes sociais. Pesquise #jornalpoligrafo para encontrar as nossas publicações.
Verdadeiro
International Fact-Checking Network